sábado, 1 de agosto de 2009

Sarney continuar é questão de Justiça, diz Lula

Fábio Fabrini
DEU EM O GLOBO

O CONGRESSO MOSTRA SUAS ENTRANHAS: "Somente eles (senadores) podem afastá-lo. E é deles que o povo deve cobrar"

Presidente pede paciência para que as denúncias contra presidente do Senado sejam apuradas, "sem precipitação"

BELO HORIZONTE. Um dia depois de baixar o tom e dizer que a crise do Senado não é problema dele, o presidente Lula ontem voltou à condição de escudeiro e defendeu com veemência a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado. Em visita à capital mineira, Lula disse que sua defesa não é uma questão de governabilidade, mas de senso de Justiça. E pediu paciência para que todas as denúncias sejam apuradas, sem precipitação.

- Não quero para mim, para o Sarney, para você e para nenhum brasileiro julgamento precipitado, sem as investigações corretas. O presidente do Senado está sendo acusado de muitas coisas, e dá a impressão de que é uma coisa que começou ontem. É uma questão histórica - disse, em entrevista à Rádio Itatiaia, na Base Aérea da Pampulha, antes de seguir para a formatura de beneficiados do Bolsa Família em cursos de qualificação.

Lula alegou que Sarney já pediu a abertura de investigação contra membros da própria família. Afirmou que o Senado tem instrumentos necessários para punir irregularidades, tanto que os usou com o ex-presidente Fernando Collor de Melo e o senador Antonio Carlos Magalhães, falecido em 2007. E deixou claro que a opinião pública deve direcionar as cobranças à Casa:

- Fulano está sendo acusado, renuncia. Se isso for verdade, os cargos eletivos perderam o valor. Quem elegeu o presidente Sarney? Os senadores. Somente eles podem afastá-lo. E é deles que o povo deve cobrar.

Lula lembrou que dois de seus ministros se afastaram dos cargos, supostamente por julgamento precipitado, mas ainda não foram condenados:

- Já fazem três anos, e até hoje esse processo não andou - disse, sem mencionar nomes. - O que eu quero é senso de responsabilidade e justiça neste país. O que não quero para mim, não quero para os outros - afirmou.

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