sábado, 8 de agosto de 2009

Simon responsabiliza Lula

Cristiane Jungblut e Isabel Braga
DEU EM O GLOBO


Senador ironiza aliança do presidente com Sarney, Collor e Renan

BRASÍLIA. Um dia depois da guerra verbal em plenário, senadores foram ontem à tribuna apelar para o fim da batalha. Alguns insistiram para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixe o cargo. Pedro Simon (PMDB-RS) foi além: responsabilizou o presidente Lula pela crise que vive a Casa, com a eleição de Sarney e sua permanência no cargo.

— A vitória foi de Lula. Foi o presidente da República, de maneira grosseira, de forma que nenhum ditador ou general de plantão fez com o Congresso, que, humilhando seu próprio partido, o líder da sua bancada, tomou uma posição acima do bem e do mal. É muito triste. Ele ganhou. Ele é o herói — discursou Simon.

O senador ironizou ainda a proximidade de Lula com Sarney, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL), lembrando que são eles que frequentam agora o Planalto: — Na campanha do ano que vem, a foto que a oposição usará será esta: Lula, Sarney, Collor e Renan.

Para o gaúcho, em vez de se aconselhar com Sarney, Renan e Collor, Lula deveria ouvir pessoas como o vicepresidente José Alencar, Frei Betto e outros nomes do velho PT: — Ah, meu Deus, se o dr. Lula ouvisse mais o José Alencar! Ah, se os grandes amigos do Lula fossem o José Alencar, o Frei Betto, aqueles nomes do velho e querido PT, que lutaram para transformar o PT em uma organização de ideias e de princípios! Mas os heróis do Lula são o dr. Sarney, o dr. Renan, o dr. Collor.

Simon disse ainda não ter compreendido a presença de Sarney na sessão de anteontem, para prestigiar o que classificou de “espetáculo surreal”.

Wellington Salgado (PMDB-MG) tentou justificar a baixaria entre Renan e o tucano Tasso Jereissati (CE): — Todo senador é um homem, é humano. Ninguém chega ao Senado sendo frouxo e sem, em determinado momento, mostrar que tem o sangue quente. Foi o que aconteceu ontem.

Heráclito Fortes (DEM-PI) também pediu calma: — Quero que os companheiros aproveitem o fim de semana para uma meditação e voltem, na segunda-feira, imbuídos de que esta é uma Casa de debates e que esses debates têm de ser acalorados e acirrados, mas que não podem, de maneira alguma, descer a níveis do que vimos.

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