sábado, 26 de setembro de 2009

Ciro assume candidatura e tenta superar Dilma no papel de anti-Serra

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Deputado sustenta que decisão de concorrer ao Planalto não depende do aval do presidente Lula

O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) reiterou ontem a intenção de ser candidato à Presidência e, em encontro com sindicalistas, deu uma mostra do tom de seu provável discurso de campanha de 2010: elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou as negociações eleitorais entre PT e PMDB e atacou o tucano José Serra.

Ao discursar para líderes da Força Sindical, em São Paulo, Ciro disse, em tom de brincadeira, que Serra é "feio para caramba, mais na alma que no rosto". Depois, em entrevista, acusou o governador de São Paulo de ter uma "atitude destrutiva" em relação aos adversários. "A conduta dele é feia, de não enfrentar o adversário com linguagem civilizada. No meu caso é uma coisa terrível, até minha conta-salário ele conseguiu que um juiz de São Paulo bloqueasse."

O bloqueio ocorreu em 2008. Dois anos antes, Ciro foi condenado a pagar uma indenização de cem salários mínimos por ter chamado Serra de "candidato dos grandes negócios e negociatas".

Ontem, o deputado apontou o tucano como representante de "forças criptoconservadoras" da política nacional. "Essa gente quer uma volta ao passado e tem a apologia neoliberal como seu mito."

Os ataques foram feitos três dias depois da divulgação da pesquisa CNI/Ibope que mostrou Ciro empatado com a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT. "A grande novidade da pesquisa é que o lado de lá (Serra) já não aparece ganhando no primeiro turno", comentou ele.

CENÁRIOS

Na reunião com sindicalistas, o deputado do PSB arrancou risos ao dizer que, enquanto critica o adversário do PSDB, Dilma aparece em fotos "agarrada" com ele - referência ao encontro entre os dois em um evento do setor imobiliário, anteontem, na capital paulista.

Depois de afirmar que o governo Lula representa "um avanço muito grande em todas as áreas" e de destacar a ação estatal no combate à crise econômica, Ciro repetiu que não concorda com a avaliação do presidente de que a base governista deve ter Dilma como única representante na disputa eleitoral.

Para o deputado, é melhor que uma das candidaturas governistas - a dele próprio - possa se apresentar aos eleitores como desvinculada de peemedebistas como José Sarney (AP), que recentemente esteve no centro da crise dos atos secretos no Senado. "Daqui a pouco, e é só o que falta, eles (do PSDB) vão vir falar de ética, vão querer nos condenar por estarmos agarrados com Collor e Sarney."

O ex-ministro da Integração Nacional também fez uma crítica indireta ao discurso de Dilma, centrado nas realizações do governo. "O debate de 2010 não pode ser conservador, nem mesmo conservador do bom caminho em que nós estamos, e a atual coalizão PT-PMDB tende a isso."

Na entrevista concedida após o evento, Ciro voltou a abrir fogo contra o provável acordo que prevê o lançamento de um peemedebista como candidato a vice na chapa de Dilma. "Uma aliança precisa ter um sentido moral e intelectual defensáveis. E acho que a hegemonia moral e intelectual que preside a relação do PT com o PMDB é frouxa."

Questionado sobre a hipótese de transferir o domicílio eleitoral para São Paulo e concorrer ao governo do Estado, Ciro afirmou que a decisão será do comando de seu partido. "Mesmo que venha a transferir, vou reiterar que minha intenção é concorrer à Presidência."

Sobre a possibilidade de Lula insistir na apresentação de Dilma como única presidenciável da base governista, o parlamentar deixou claro que sua candidatura não depende do aval do presidente. "A última palavra será do meu partido."

À tarde, Ciro esteve em outro encontro com sindicalistas, da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entidade ligada ao PC do B. Recebido como candidato, foi aplaudido ao definir o neoliberalismo como "ideologia de quinta categoria".

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