segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dança das cadeiras no cenário político

Ricardo Villa Verde
DEU EM O DIA

Mais de 20 parlamentares e suplentes iniciam troca-troca de partidos. Procuradora estuda se abre ação contra deputados que mudarem

Rio - Apesar da chamada janela, que permitiria políticos trocarem de partido um ano antes das eleições, não ter sido aprovada pelo Congresso, deputados estaduais e federais do Rio devem protagonizar uma farra de troca-troca partidário nesta semana. Mais de 20 parlamentares e suplentes vão mudar de legenda até sábado, dia 3, prazo final definido pelo calendário eleitoral para os que querem disputar as eleições de 2010 se filiarem a um partido.

Wagner Montes admite que recebeu convites de cinco partidos

A lista inclui o deputado estadual Wagner Montes, que vem despontando nas pesquisas para o governo estadual. Ele admite que pode deixar o PDT. “Recebi convites de cinco partidos”, afirma Wagner, que se reúne neste domingo com o presidente do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para discutir o assunto. Wagner quer que o PDT assuma sua candidatura a governador. “Que o PDT reconheça que tem candidato”, explica ele. Entre os que querem o pedetista está o PP.

O maior troca-troca vai acontecer na Assembleia Legislativa (Alerj). Além de Wagner Montes, outros 10 ocupantes de cadeiras na Casa, e pelo menos cinco suplentes, devem trocar de partido. O caso mais inusitado é o de André Lazaroni, ex-André do PV. Há cerca de dois meses, quando decidiu abandonar o PV, o deputado passou a utilizar o sobrenome de batismo, tirando a sigla partidária do nome pelo qual ficou conhecido desde o início da carreira. André deve ir para o PMDB.

A bancada peemedebista também deve ganhar reforço de Pedro Fernandes e Marcelino D’Almeida, que deixarão o DEM. O PSC, que já perdeu Tucalo para o PP, pode perder ainda Sabino para o PT e Coronel Jairo para o PMDB. Altineu Cortes, ex-PMDB e ex-PT, pode ir para o PR, do ex-governador Anthony Garotinho. Jorge Babu, ex-PT, também estaria analisando seguir Garotinho.

Na bancada federal, o ex-governador já atraiu Geraldo Pudim, que trocou o PMDB pelo PR , e ainda pode atrair Bernardo Ariston, também do PMDB.

O troca-troca vem sendo facilitado pela maioria das direções partidárias, que estão liberando os políticos para deixarem seus quadros. O entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porém é de que os diretórios de partidos não têm competência para autorizar detentores de mandatos a deixarem seus quadros. A troca de legenda pode caracterizar infidelidade partidária e pode levar à perda do mandato. A procuradora regional eleitoral, Silvana Batini, disse que poderá entrar com ações contra deputados que trocarem de partido. “Vamos analisar caso a caso”, explicou a procuradora.

Disputa muito além dos gramados

O troca-troca na política também chegou ao Vasco da Gama, onde o ex-deputado federal Eurico Miranda (PP) e o presidente do clube, Roberto Dinamite (PMDB), deputado estadual e candidato à reeleição na Alerj, travam briga declarada.

Depois que Romário, antigo aliado de Eurico, trocou o PP pelo PSB, o ex-dirigente deu o troco, chamando Edmundo para ser candidato a deputado estadual. “Com certeza, ele vai tirar votos do Dinamite”, aposta o deputado estadual Dionísio Lins, do PP.

Envolvidos em questões judiciais — Romário com o fisco e pensão alimentícia, e Edmundo, condenado na primeira instância pela morte de três pessoas em acidente — os dois já foram presos. Para o advogado constitucionalista Ivan Ferreira, a imunidade parlamentar só vale no exercício do mandato. Parlamentares eleitos que forem condenados em última instância podem ser presos. “No caso do Edmundo, se a condenação for mantida, perde até o mandato se for eleito”, diz.

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