segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Socialistas vencem em Portugal, sem maioria

DEU EM O GLOBO

Eleições legislativas têm o mais baixo índice de participação desde volta da democracia

José Sócrates terá de fazer alianças

LISBOA. O Partido Socialista de Portugal (PS), de centro-esquerda, atualmente no poder, venceu as eleições legislativas realizadas ontem no país. Apesar de favorita, porém, a legenda não conseguiu a maioria absoluta no Parlamento, como já indicavam as pesquisas de boca de urna. Até a noite de ontem, detinha 36,56% dos votos apurados, longe dos 45% garantidos no pleito de 2005. Assim, o partido do primeiro-ministro José Sócrates, de 52 anos, precisará articular alianças para dar prosseguimento a seu programa de governo no novo mandato.

Os socialistas conquistaram 96 assentos do total de 230 no Parlamento. Já o principal partido de oposição, o Social-Democrata (PSD, de centro-direita), cuja candidata era Manuela Ferreira Leite, obteve 29,09% dos votos, e garantiu 78 deputados. E três partidos menores também asseguraram lugares: o marxista Bloco de Esquerda, com quase 10% dos votos; o conservador Centro Democrático Social-Partido Popular, com 10,5%, e a coalizão de comunistas e verdes, com quase 8%.

As eleições foram marcadas pela baixa participação dos eleitores. O índice de abstenções supera 40%, quase 10% a mais que em 2005. É o pior índice em pleitos legislativos em Portugal desde a redemocratização em 1974. Pelo menos 9,4 milhões de portugueses estavam habilitados a votar.

Os socialistas prometeram um pacote de estímulo ao crescimento baseado em grandes gastos e projetos de obras públicas. Portugal enfrenta uma grave crise econômica, com a mais alta taxa de desemprego dos últimos 20 anos. E o primeiro-ministro socialista, José Sócrates, anunciou que vai manter as reformas sociais e econômicas, que irritaram os sindicatos.

Já a oposição afirmou que as obras públicas deixarão uma grande dívida para as futuras gerações. O PSD, de Manuela Ferreira Leite, propôs facilidades para estimular a iniciativa privada, inclusive com isenções tributárias.

Pelo menos 500 mil perderam seus empregos

A economia do país se retraiu em 3,7% no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. Pelo menos 500 mil pessoas, 9% da força de trabalho, perderam seus empregos. As sondagens prévias indicavam que os portugueses manteriam o Partido Socialista no poder, apesar do alto índice de desemprego.

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