terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ciro sofre ataque especulativo do PT

Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Partido de Lula ameaça governadores do PSB com rompimento de alianças regionais e endurece jogo para que legendas aliadas não fechem com socialista

Desde que ultrapassou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nas pesquisas de opinião, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) sofre um ataque especulativo dos petistas para desistir da candidatura a presidente da República. Além de pressionar os governadores da legenda — Eduardo Campos (PE) e Cid Gomes (CE), candidatos à reeleição, e Vilma Maia (RN) — com a ameaça de romper as alianças regionais, o PT força a barra com os partidos aliados para não aderirem à candidatura do socialista.

Na única conversa da cúpula do PSB com Luiz Inácio Lula da Silva sobre a sucessão de 2010, Ciro reiterou que pretende disputar a Presidência. Lula enfatizou que prefere uma eleição plebiscitária, com uma candidatura única da base contra a oposição, mas disse que não pretende pedir a retirada da candidatura de Ciro, porque foi candidato quatro vezes e entende a posição de seu ex-ministro.

Segundo o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), Ciro não pretende ser candidato a governador. “Ele transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo com o objetivo de manter o diálogo com o PT.” Essa mudança, porém, manteve as esperanças do Planalto de deslocar a candidatura de Ciro para o governo paulista e levou à intensificação das pressões do PT sobre o PSB. O ex-ministro José Dirceu, uma espécie de eminência parda nos bastidores da sucessão de 2010, tentou convencer o governador Cid Gomes a patrocinar a retirada da candidatura de Ciro e ouviu um sonoro não: “Só trato das eleições a partir de março do ano que vem”, disse-lhe o irmão de Ciro.

A resposta do PT veio a galope, numa entrevista da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, à imprensa local. Ela ameaçou se lançar candidata contra a reeleição de Cid Gomes se Ciro não retirar a candidatura. O recado serve também para Eduardo Campos, que precisa do apoio do PT para enfrentar a candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). O ex-prefeito do Recife João Paulo, que integra o secretariado de Campos, é uma carta na manga do PT para forçar Campos a operar a remoção de Ciro.

Confusão


O problema é que o PT está à beira de um ataque de nervos por causa do crescimento de Ciro, sem contar com a confusão na seção paulista da legenda. A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), por exemplo, lidera a mobilização contra a candidatura de Ciro em São Paulo, em franca oposição à tese de Lula. “Essa discussão somente serviu para alavancar a candidatura a Ciro, prejudicando Dilma, não resolve nosso problema em São Paulo”, critica o deputado Carlos Zaratinni (PT-SP), aliado de Marta Suplicy.

Enquanto Ciro não se decide, não faltam candidatos petistas sem o respaldo de Lula. O mais carismático é o senador Eduardo Suplicy. Mas também são pré-candidatos o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. O ministro da Educação, Fernando Haddad, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia, aparentemente, desistiram da candidatura. Lula, porém, avalia que nenhum deles resolve o problema eleitoral de Dilma em São Paulo. A solução é Ciro Gomes disputar o Palácio dos Bandeirantes.

Um comentário:

  1. O certo que tanto o PSDB quanto o PT estão em pânico com este bom desempenho do Ciro nas pesquisas. O PT porque esta vendo a possibilidade do Ciro desbancar a Dilma e chegar ao segundo turno e o PSDB porque sabe que será mais fácil ganhar da Dilma do que do Ciro. Ciro tem convicção que até julho de 2010, ocasião que serão registradas as candidaturas, ele estará nas pesquisas em posição mais competitiva que o ministra Dilma. Se isto ocorrer, ele poderá atrair para o seu palanque muitos dos partidos que hoje garantem apoio a candidata do PT. Político experiente sabe que uma pequena fresta aberta em uma barragem pode rompê-la e causar uma grande inundação. È nesta possibilidade que Ciro vem apostando suas fichas.
    Quanto mais batem no Ciro mais ele se entusiasma porque acredita no provérbio que diz “ninguém chuta cachorro morto”.

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