terça-feira, 20 de outubro de 2009

Com agenda, oposição tenta ressuscitar caso Lina Vieira

DEU NO JORNAL DO BRASIL

BRASÍLIA - A oposição pretende protocolar esta semana na Comissão de Constituição e Justiça do Senado requerimento com um convite para que a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira preste depoimento à comissão. Os oposicionistas pretendem ressuscitar o caso e desejam que a ex-secretária confirme se achou a agenda em que teria anotado o dia em que diz ter se encontrado com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff – no qual a ministra teria pedido para a Receita agilizar investigações sobre familiares do senador José Sarney (PMDB-AP).

– Estamos tentado fazer com que a maioria aceite que ela venha como convidada, a fim de que possam confrontá-la e estabelecer o contraditório com o que ela possa dizer agora de posse da sua agenda – detalhou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Os senadores tucanos insistem na tese de que a ministra mentiu ao negar ter se encontrado com a ex-secretária para pedir o fim das investigações sobre familiares de Sarney, embora na primeira vez que tenha comparecido ao Senado para prestar esclarecimentos Lina não tenha apresentado provas e, aparentemente, agora não tenha mais do que um registro manuscrito do encontro em uma agenda particular. – Está ficando como uma marca registrada do governo a mentira como arma para blindagem da sua popularidade. Não é a primeira vez que isso ocorre envolvendo a ministra Dilma. É uma arma utilizada pelo governo para encobertar determinadas irregularidades.

Segundo a oposição, a agenda com anotação do encontro que Lina alega ter tido com a ministra reabre totalmente o caso. Na agenda, haveria menção a uma audiência com Dilma na página de 9 de outubro de 2008. De acordo com informações já divulgadas pelo governo, há de fato registro no Planalto da entrada de Lina na data. Segundo a ex-secretária, o encontro foi chamado por Dilma e teve um só tema: um pedido para “agilizar” a investigação do fisco nos negócios da família de Sarney, aliado do governo Lula e hoje presidente do Senado.

Em 19 de agosto, dez dias depois de ter feito a acusação, Lina depôs no Senado. Ela confirmou a versão e deu mais detalhes sobre o encontro, mas tanto a ministra como Lula negaram as acusações e desafiaram a ex-secretária a apresentar provas da data exata do encontro.

Veracidade

Segunda-feira, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), questionou no Twitter (microblog) a veracidade da anotação na agenda da ex-secretária. “Ela disse que a reunião foi à tarde. Mas foi na manhã de 9/10. À tarde Dilma e Lina foram a SP p/ o CEOS. Impossível se encontrarem no Planalto”, afirma Mercadante no Twitter. “Em outubro Sarney não era candidato à presidência do Senado. Não fazia sentido, como diz Lina, Dilma interceder por ele junto à Receita”, completou o petista.

A polêmica em torno da agenda surgiu porque inicialmente Lina informou que o encontro teria ocorrido no “final” do ano passado, sem precisar a data. Na ocasião, ela disse que não tinha encontrado sua agenda. Em agosto, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou que a ex-secretária esteve no Palácio do Planalto no ano passado. Entretanto, disse que o encontro não ocorreu no final de 2008, mas em outubro. Segundo Jucá, há registros da entrada de Lina no Palácio do Planalto no dia 9 de outubro de 2008, com o seu ingresso às 10h e saída às 11h29. Neste ano, Lina esteve no Palácio nos dias 22 de janeiro, 16 de fevereiro e 06 de maio – nesta última visita acompanhada de outras pessoas.

“Antes Lina jurava que o tal encontro com Dilma para tratar sobre Sarney teria sido em dezembro, à tarde. Agora diz que foi 09/10”, aponta Mercadante.

No mesmo dia em que esteve no Palácio do Planalto, em outubro, Lina esteve, também, em São Paulo, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas no Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos públicos). Segundo a ONG, a ex-secretária recebeu R$ 307,18 referente a uma diária e meia na capital paulista. Com isso, Lina teria viajado para São Paulo na tarde ou noite do dia 9 e retornado a Brasília no dia seguinte. (Com agências)

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