sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Final de governo e campanha: 'Seremos nós contra eles, pão, pão, queijo, queijo'

Letícia Lins
DEU EM O GLOBO

Presidente defende eleição plebiscitária, com candidato único da base

FLORESTA (PE). Ladeado por dois pré-candidatos à sua sucessão - a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o deputado Ciro Gomes (PSB) -, o presidente Lula fez um apelo pela unidade da base governista, que, segundo ele, deve disputar a eleição em 2010 com apenas um candidato. Para o presidente, a iniciativa atribuiria caráter plebiscitário ao pleito. Anteontem, ele afirmara que gosta de Dilma e Ciro, e que os dois tinham vocação para carreira solo. Ontem, mudou o tom:

- Seremos nós (da base governista) contra eles (da oposição). É pão, pão, queijo, queijo.

Lula fez a afirmação em entrevista no município de Floresta (a 439 km de Recife), sertão de Pernambuco, onde supervisionou obras do Eixo Leste da transposição das águas do Rio São Francisco. Bem-humorado, abraçou repórteres e se misturou com operários que tentavam apertar-lhe as mãos. Voltou a dizer que vai passar o país para o sucessor com uma "prateleira de projetos" e bastante dinheiro em caixa, para que o próximo presidente possa começar "bombando". Só começou a dar entrevista depois que a ministra se aproximou - "Cadê a Dilma?" - e disse que não tem pressa em montar o jogo do xadrez eleitoral.

- Temos seis meses pela frente para definição do quadro eleitoral em 2010. Se a gente não se entender nacionalmente... Tanto que Dilma e Ciro estão sempre juntinhos, olha aí, ó - disse apontando para os dois.

Lula afirmou não se ver nos palanques dos governadores socialistas Eduardo Campos (PE) e Cid Gomes (CE) se "a gente não se entender". Eles vão disputar a reeleição e defendem a candidatura de Ciro.

- Eu gostaria, e o momento vai prever se vai ser possível ou não, que todos nós tenhamos um só candidato, que fizéssemos uma eleição plebiscitária. Se isso não for possível, paciência.

Disse que preparará outro PAC para até 2015, apesar de o mandato se encerrar em 2010. Afirmou não temer que a iniciativa seja chamada de eleitoreira:

- Se dependesse da oposição, não faríamos nem o primeiro, nem o segundo PAC, ninguém faria nada. A oposição quer que o país pare para que eles tenham razão. A situação quer trabalhar, para não dar razão à oposição. Eles tiveram chance de fazer e não fizeram. Estamos fazendo.

Lula afirmou não temer que seu sucessor interrompa as obras da transposição:

- É irreversível. As pessoas que vierem depois de mim vão terminar e fazer obras mais importantes.

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