sábado, 17 de outubro de 2009

''Não vou fazer debate eleitoral'', responde Serra

Silvia Amorim,
Enviada Especial, São José Dos Campos
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Tucano diz que evitará bate-boca porque Lula não é candidato em 2010 e ele próprio ainda não se decidiu

Um dia depois de ser acusado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estar preparando o discurso de campanha para 2010, por causa da crítica às ações do governo de combate à seca no Nordeste, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que não travará um debate eleitoral porque não está em campanha. "O presidente Lula falou em termos eleitorais e eu não vou fazer um debate eleitoral por dois motivos: porque ele não é candidato a presidente no ano que vem e porque eu não defini se serei candidato ou não", afirmou.

A acusação de antecipação da campanha, disparada diversas vezes por Serra contra o PT, foi endereçada ontem a Lula. Sem responsabilizá-lo diretamente, como promete fazer o PSDB, o governador insinuou que o presidente já se coloca como se as eleições tivessem iniciado. "Debater esse assunto agora significaria entrar numa discussão eleitoral, coisa que eu não vou fazer", avisou.

Apesar das pressões dentro e fora do PSDB, o tucano permanece irredutível na ideia de definir o candidato tucano à Presidência somente no ano que vem. "Estou trabalhando como governador e vou continuar assim até o começo do ano que vem, quando vou decidir os meus rumos eleitorais."

QUEDA DE BRAÇO

Serra, que disputa com o governador de Minas, Aécio Neves, a vaga de presidenciável pelo PSDB, teme virar alvo dos adversários cedo demais. Por isso adia o quanto pode um anúncio da pré-candidatura. O assunto foi alvo de sondagem do PSDB paulista. Pesquisas qualitativas revelaram que o eleitor tende a ver com antipatia anúncios fora de época, principalmente quando o candidato está governando.

A intenção de não levar adiante um embate público com Lula sobre programas de irrigação no Nordeste tem como pano de fundo a preocupação com um eventual desgaste político, já que o presidente tem carisma e alto índice de popularidade.

O governador garantiu que consegue separar sem dificuldades campanha e governo. "No meu caso não tem problema. Aqui no meu discurso não há nenhuma mensagem eleitoral." Indagado se Lula conseguia fazer o mesmo, Serra desconversou. "Que cada um fale por si." Para ele, a imprensa é a primeira a fazer confusão.

No seu pronunciamento, durante a entrega de uma duplicação de parte da Rodovia Tamoios, em São José dos Campos, o governador não se limitou a falar da obra inaugurada. "O pedágio na Ayrton Senna com a concessão caiu mais de 40%, de R$ 22,10 para R$ 12,60", destacou o tucano.

COMPARAÇÕES

Ao falar das ações do seu governo na educação e saúde, ele não deixou de fazer comparações com iniciativas federais. "Nós criamos em São Paulo uma rede de hospitais de reabilitação; 10% da população de São Paulo têm problemas de mobilidade. Vamos fazer nove unidades no Estado. É uma inovação na política de saúde. Existe uma rede federal, mas que será menor do que a nossa", ressaltou.

O PSDB organiza hoje em Goiânia um debate sobre inclusão social e emprego. Serra e Aécio devem participar. O governador paulista tem reservado os fins de semana para eventos partidários e viagens, especialmente ao Nordeste, onde o PSDB enfrenta grande desvantagem em relação ao PT.

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