terça-feira, 20 de outubro de 2009

Petistas defendem candidatura própria em SP

Luciano Máximo, de São Paulo
DEU NO VALOR ECONÔMICO


Menos de uma semana depois de a Executiva Estadual do PT decidir que os pré-candidatos do partido ao governo de São Paulo em 2010 terão que ser formalmente indicados por pelo menos 1% dos 297 mil petistas paulistas, um grupo de prefeitos, vereadores e deputados estaduais e federais da legenda resolveram defender o atual prefeito de Osasco, Emídio de Souza, como o concorrente do PT ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.

Essa diretriz, defendida por caciques petistas de São Paulo, como os deputados federais João Paulo Cunha, José Genoino, José Mentor, Cândido Vaccarezza (líder do PT na Câmara dos Deputados) e Devanir Ribeiro, visa a fortalecer a ala do partido que insiste em ter um nome para a disputa no ano que vem em caso de eventual "desidratação" de Ciro Gomes (PSB-CE) na corrida presidencial e, sobretudo, "tirar o PT da letargia no Estado", governado pelo PSDB desde 1995.

"A candidatura do Emídio é muito bem-vinda pela sua história eleitoral, sua proximidade ao presidente Lula e sua posição (política) similar à da Dilma [Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência da República]", disse João Paulo Cunha, durante reunião fechada, realizada ontem à noite em um hotel de São Paulo.

Os presentes ao encontro decidiram que, nos próximos dias, o prefeito de Osasco apresentará uma carta-manifesto oficializando sua intenção de ser o candidato do partido ao governo do Estado. "Essa história de pegar uma lista com assinatura de 1% dos filiados para escolher os pré-candidatos é uma bobagem", criticou Cunha, reforçando que é preciso agir rápido e envolver o presidente Lula na decisão. "É preciso fazer chegar essa carta ao Palácio do Planalto. Se o Lula demora, se o Ciro demora [para tomar decisão sobre o candidato para São Paulo em harmonia com o projeto nacional de sucessão presidencial] a situação pode ficar vencida." José Genoino também cobrou participação do presidente. "Fomos tão generosos com o projeto [sucessório] dirigido por Lula e pela Dilma, que um pacto em São Paulo vai mostrar que o PT vai para a briga, vai para a guerra", afirmou Genoino.

Durante a reunião, outros nomes, como o do deputado federal Antonio Palocci (PT-SP) e o do ministro da Educação, Fernando Haddad, foram cogitados para a disputa ao governo paulista, mas ficou acertado o apoio a Emídio, que tem preferência de 1/3 dos prefeitos da base aliada petista no Estado e 15 deputados estaduais.

A linha do discurso do prefeito de Osasco foi a de formação de uma frente forte do PT e que também privilegie a sucessão presidencial. "Vamos buscar alianças com PSB, PR, PDT, PCdoB e meu nome vai ser colocado priorizando o projeto nacional". Apesar de se declarar candidato a governador em 2010, Emídio disse que aceitaria ser vice de Ciro, caso o cearense desista da corrida presidencial. "Achamos que PSB e PT têm que estar juntos. Pode ser que a candidatura do Ciro tenha alguma desidratação nacional, já que ele não está conseguindo alianças. Se ele cair muito nas pesquisas fortalece a ideia de ele vir para São Paulo. Não vamos opor resistência", revelou Emídio.

Formado em Direito, Emídio Pereira de Souza elegeu-se vereador em Osasco em 1988, e foi reeleito nas eleições em 1992 e 1996. Em 2000, lançou candidatura à prefeitura da cidade, mas perdeu a disputa para Celso Giglio. Em 2002, foi eleito deputado estadual e, em 2004, venceu Giglio em nova disputa à prefeitura. Foi reeleito no primeiro turno há quatro anos.

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