domingo, 18 de outubro de 2009

Tucanos cautelosos

Daniela Lima
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE


Em Goiânia, Aécio Neves e José Serra mostram unidade. E reafirmam que o nome do partido para disputar a Presidência da República só será escolhido adiante, apesar das pressões

Goiânia - O PSDB não pretende deflagrar uma crise interna só para oferecer rapidamente ao eleitorado o nome que encabeçará a chapa do partido na disputa presidencial em 2010. Pressionados por caciques de legendas aliadas, como o Democratas, os tucanos preferem os panos quentes. Na manhã de ontem, os dois pré-candidatos da legenda, os governadores de Minas Gerais e de São Paulo, Aécio Neves e José Serra, apresentaram-se à militância goiana em seminário realizado na capital do estado. Chegaram debaixo de fogos de artifício, falaram sobre o desemprego, a economia e a assistência social, e deixaram o debate sobre os aliados políticos em segundo plano.

O partido deve manter essa orientação pelo menos até o fim do ano. Aécio acha que o PSDB precisa dar um nome ao eleitor até janeiro de 2010. Serra defende que o partido espere até março. Já o presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), espera a definição de uma candidatura até o fim deste ano. Portanto, só em dezembro a disputa interna deve apresentar movimentos mais claros.

Até lá, os dois governadores continuarão investindo no discurso da unidade partidária e da elaboração de um programa de governo. Foi o que fizeram ontem em Goiânia. Diante da militância, Aécio elencou conquistas de seu governo, criticou a concentração de renda nas mãos da União e defendeu aquilo que se tornou uma bandeira de seu pleito: a ousadia na gestão pública. Em 20 minutos de discurso, pronunciou variantes da palavra ousar por pelo menos seis vezes. Disse, ainda, que estará ao lado de Serra durante a campanha presidencial independentemente da escolha do partido.“Nós não temos o direito de perder essa eleição. Para isso, vamos unidos até a vitória”, disse, arrancando aplausos acalorados.

Serra, dono de perfil mais contido, subiu ao palanque logo depois. Antes de pegar o microfone, tomou um longo gole de refresco. Dividiu com o público a angústia. “Caminho para encerrar o evento e ao mesmo tempo tenho que falar depois do Aécio, o que não é fácil”, disse.

Depois, usando a diversidade do futebol paulista como metáfora disparou: “Lá não é como aqui. Aqui todo mundo é Goiás”. Torcedores do Atlético Goianiense e do Itumbiara protestaram.

Em tom mais ameno que o antecessor, lembrou que muitos dos programas sociais do governo Lula são adaptações de ações implementadas por gestores tucanos. Sobre os que cobram a definição de um nome por causa das movimentações da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff e do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) rumo ao Planalto,foi incisivo. “Não vamos nos pautar porque o presidente Lula fez uma viagem com um ministro de estado”. “O Brasil não voltará a ser uma capitania hereditária. O presidente Lula pode ter um candidato, isso não quer dizer que ele será escolhido pelo povo”, completou o governador paulista.

A cúpula do PSDB também minimizou as cobranças de aliados. Decidiu tratar as críticas do Democratas como frutos de uma disputa interna entre os aliados. E nada mais. “Qualquer que seja a decisão, DEM e PSDB vão estar juntos. Isso é certo”, encerrou Aécio

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