sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aécio justifica o ultimato

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Segundo o governador mineiro, pressão por decisão do candidato ao Planalto não seria manobra política, mas gesto de correção

Leonardo Augusto

O governador Aécio Neves (PSDB) justificou ontem a pressão que exerce sobre a cúpula tucana por uma decisão mais rápida na escolha de quem será o candidato do partido à Presidência da República afirmando não se tratar “apenas de uma manobra política”, mas de “um gesto de correção para com o PSDB”. Aécio disse que, até dezembro, se considera “em condições de ampliar alianças, de apresentar um projeto novo para o Brasil falando do pós-Lula, agregando outras forças políticas”, argumentou. O governador defende que a decisão ocorra até o mês que vem. Já o governador de São Paulo, José Serra, também pré-candidato da legenda ao Palácio do Planalto, quer que a definição aconteça em março.

Aécio, que voltou a frisar ser candidato ao Senado caso a escolha do nome do partido na briga pelo governo federal não ocorra até dezembro, fez relação entre sua eventual candidatura à Presidência e o impacto em Minas, caso participe da disputa pela sucessão de Lula no ano que vem. “Tenho responsabilidade com Minas que antecede todas as outras. Construímos aqui algo novo, que precisa ter continuidade. Para o estado é fundamental que este projeto possa ter continuidade nos próximos anos e, eventualmente, uma candidatura minha à Presidência, de alguma forma, impulsiona esse projeto, dá mais visibilidade a ele”, avaliou.

Caso não seja o escolhido do partido, Aécio disse que caberá respeitar a decisão. “Será a senha para que eu mergulhe nas questões mineiras”, disse. “Ajudarei a eleger aqui nosso candidato a governador e tentarei dar a vitória, em Minas a qualquer outro candidato que o PSDB venha a escolher”.

Continuidade

O pré-candidato do PSDB na sucessão em Minas é o vice-governador Antônio Augusto Anastasia. Aécio afirmou não ter dúvidas de que o partido tem possibilidade concreta de vitória. “As pessoas vão dizer se querem continuidade do projeto ou se querem a ruptura.

Espero que a resposta seja pela primeira opção.” O principal candidato da oposição deverá sair do PT, que tem como pré-candidatos o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. Pelo PMDB, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, também já afirmou que pretende disputar o Palácio da Liberdade.

Durante visita a obras na avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte, o governador disse “não ser o caminho natural” uma possível candidatura de dois tucanos ao Senado no ano que vem. As eleições em 2010 envolverão duas das três vagas de cada estado. Em Minas, além da possibilidade de Aécio disputar vaga no Senado, um dos atuais ocupantes de cadeira na Casa, Eduardo Azeredo (PSDB), já demonstrou interesse em disputar a reeleição.

BERNARDO PROVOCA FHC

Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicado em vários jornais no domingo tenta suprir a deficiência da oposição em apresentar uma proposta alternativa ao país. No texto, FHC usa expressões como “subperonismo” e autoritarismo popular ao se referir à administração petista. “Ele corre o risco de ficar parecendo o Salieri (maestro Antonio Salieri), que ficava criticando o talento de Mozart porque não conseguia ter o mesmo reconhecimento”, cutucou.

“Tenho responsabilidade com Minas que antecede todas as outras. Construímos aqui algo novo, que precisa ter continuidade”

(Aécio Neves, governador de Minas Gerais)

Rio sem um nome

Depois de conversar com as principais lideranças tucanas no Rio de Janeiro, o presidente nacional do partido, Sérgio Guerra (PE), reconheceu a ausência de uma definição da legenda para a realidade carioca nas eleições de 2010. “Temos situações delicadas em vários estados, mas aqui é o único em que a gente ainda não definiu padrão de palanque”, sentenciou Guerra.

Até a filiação da senadora Marina Silva (AC) ao PV, o palanque preferencial dos tucanos no Rio era o do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ). Com a provável participação de Marina na disputa à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o parlamentar perdeu apoio dos tucanos locais. O presidente regional do partido, José Camilo Zito, chegou a dizer que ele não tinha “cheiro de povo”.

Enquanto os tucanos ainda não têm palanque no Rio, a pré-candidata do PT à Presidência, ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, já conta com três: o do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que busca a reeleição, o do ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT).

“A nossa aposta para 2010 era a candidatura do Gabeira. Com a candidatura da Marina, a gente começa a refletir sobre o caminho que devemos tomar”, afirmou Guerra. “Uma das hipóteses é candidatura própria.”

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