terça-feira, 10 de novembro de 2009

Aécio:: Lula provoca 'retrocesso administrativo'

DEU EM O GLOBO

Tucano recusa caráter plebiscitário da eleição, critica o PAC e acusa governo de cooptar movimentos

Tatiana Farah

SÃO PAULO. O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), subiu ontem o tom contra o governo Lula, acusando os petistas de fazerem uma “armadilha” para 2010 ao incentivar uma eleição plebiscitária. Aécio criticou o aumento de gastos correntes da União e acusou o governo de “retrocesso administrativo” ao cooptar sindicatos e movimentos sociais.

— O governo não fez mudanças econômico-financeiras, felizmente, e menos ainda agregou o que quer que seja do ponto de vista administrativo.

Neste caso, ocorreu um retrocesso. Do ponto de vista político, ocorreu uma distensão, reconheço, na medida em que os movimentos sociais e sindicais praticamente se incorporaram ao governo ou foram por ele cooptados — disse, ontem, em almoço com empresários paulistas organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais).

Segundo Aécio, essa relação dos movimentos sociais e sindicais foi calcada em financiamentos públicos, que teriam gerado mais dependência do governo.

— A reação de todo esse conjunto corporativo a uma eventual derrota eleitoral do candidato ou da candidata do governo pode produzir o estressamento das relações com o novo governo de oposição, uma espécie de inconformismo no primeiro momento — disse, defendendo relações políticas com as entidades.

Aécio rebateu o caráter plebiscitário que Lula quer dar à eleição do ano que vem.

— Precisamos resistir à principal armadilha que começa a ser apresentada à sociedade, a de que a próxima eleição será plebiscitária. Não é. Pelo menos não mais que todas são.

Não estaremos dizendo sim ou não ao governo do presidente Lula. Estaremos escolhendo o nosso futuro, um futuro que para alguns virá, apesar do presidente Lula. E, para outros, por causa do presidente Lula.

Aécio fez uma crítica indireta ao PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), com as inaugurações feitas pelo presidente Lula e pela ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Planalto.

— A relação federativa tem de ser apartidária para que não submeta os governantes a programas federais impostos pelo poder financeiro-fiscal, com o uso de palanque em eventos de rotina, como se fizessem parte do programa federal e da generosidade de um só dirigente.

E completou: — A oposição não tem dúvida de que não estará enfrentando o candidato de um partido apenas, mas um partido e candidato que se confundem com o próprio governo e com o próprio Estado.

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