DEU EM O GLOBO
O apagão que atingiu 18 estados brasileiros e retirou 45% da carga de energia do país foi causado por raios, chuvas e ventos que derrubaram três linhas de transmissão que levavam a energia da hidrelétrica de Itaipu para o Sudeste e o Centro-Oeste. Especialistas alertam que o sistema interligado brasileiro, conhecido como um dos mais seguros do mundo, ainda está vulnerável e precisa de novos mecanismos de proteção para evitar novas quedas de energia. Nos últimos dez anos, novas linhas de transmissão foram construídas, medidas de segurança foram idealizadas e um sistema de "ilhamento" foi concebido, permitindo que algumas áreas pudessem ter energia, mesmo se fechando em si e garantindo o abastecimento de áreas especificas. Não há explicação para o fato de esse sistema ter falhado no Sudeste. No Rio, 2.906 crianças ficaram sem aulas por falta de água.
Para especialistas, apagão mostrou que sistema elétrico não é infalível
Mecanismo que permite isolar áreas afetadas por blecaute falhou no Rio
Gustavo Paul, Eliane Oliveira, Ramona Ordoñez e Danielle Nogueira
BRASÍLIA e RIO. O setor elétrico brasileiro é considerado seguro, mas não é invulnerável. Essa é a opinião de analistas para os quais, apesar dos avanços na segurança do sistema desde o grande apagão de março de 1999, não há como garantir uma operação totalmente sem riscos.
Nos últimos dez anos, novas linhas de transmissão foram construídas, medidas de segurança foram idealizadas e um sistema de “ilhamento” foi concebido.
Por esse sistema, se uma linha cai, o restante não deveria ser atingido, fechando-se em si e garantido o abastecimento de áreas específicas.
Entre as medidas de segurança adotadas está a implantação de linhas de transmissão de reserva nas existentes, para serem acionadas em caso de falhas. O problema é que na noite da última terça-feira nada disso funcionou.
Em um movimento inédito, toda as linhas de Itaipu (inclusive a de reserva) entraram em colapso, e o sistema de “ilhamento” não funcionou completamente.
— A possibilidade de as cinco linhas de Itaipu caírem ao mesmo tempo é tão rara quanto alguém ganhar ao mesmo tempo na mega-sena e na loteria da Califórnia — disse o consultor Eduardo Bernini, ex-presidente da distribuidora Eletropaulo.
Sistema de ‘ilhamento’ já foi usado em réveillon Segundo um técnico do Operador Nacional do Sistema (ONS), o Rio recebe energia de Itaipu principalmente por duas linhas de transmissão de 500 Kilovolts (Kv). Quando essa energia deixou de ser transmitida, o sistema de segurança das usinas nucleares de Angra 1 e 2 desligaram as duas centrais, que estavam operando com cerca de 80% de capacidade. O técnico acredita que a falta repentina de um volume tão grande de energia fez com que o sistema de segurança que poderia “ilhar” o Estado do Rio, não funcionasse.
— Houve um problema em uma das linhas de corrente alternada de Itaipu, derrubando as demais. O sistema de segurança que deveria ter ilhado o problema não funcionou. Mas garanto que o sistema elétrico nacional é robusto, e o ocorrido não foi por falta de investimentos — disse o presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes.
Para o ex-secretário estadual de Energia do Rio e atual presidente da Cedae, Wagner Victer, o “ilhamento” seria uma alternativa viável porque o Estado do Rio produz mais energia do que consome. Assim, a energia que deixaria de ser recebida de Itaipu seria compensada pela energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2, bem como a das cinco térmicas existentes no estado.
— Em 2001, 60% do abastecimento energético do Rio dependia de Itaipu. Hoje, o Rio tem um excedente de 20% em sua geração de energia — disse Victer.
Segundo ele, esse mecanismo foi acionado em sua gestão (1999-2006) durante festas de réveillon e deveria estar em pleno funcionamento para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, para evitar problemas.
Falta de fiscalização deixa setor vulnerável, diz analista O sistema de abastecimento da região central de São Paulo (incluindo metrô e principais hospitais) também não foi acionado a tempo.
— O ilhamento existe no conceito e na prática, mas simplesmente não funcionou. É preciso identificar as causas do problema, e não tratá-lo como uma marolinha — disse Bernini.
Para o governo, o mecanismo de ilhamento não foi considerado um problema. Segundo Luiz Eduardo Barata, diretor de Operação do ONS, as ilhas devem A EQUIPE do Ministério de Minas e Energia, liderada por Lobão, explica as razões do blecaute: “descarga elétrica” Givaldo Barbosa funcionar depois de ocorrido o blecaute. Segundo ele, isso ocorreu.
Já as usinas de Angra demoram até 24 horas para serem religadas, como qualquer unidade nuclear, defendeu: — Houve um problema sério, mas o sistema funcionou corretamente.
Os sistemas do Norte, Nordeste e Sul se desligaram.
Ainda assim, os analistas recomendam aperfeiçoar o setor.
Para Marcos Alves,gerente técnico da Treetech Sistemas Digitais, empresa especializada em linhas de transmissão, o “ilhamento” tem de ser aperfeiçoado, bem como a modernização do sistema de fiscalização dos equipamentos.
Já o consultor de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan, Antonio Carlos Porto Araujo, disse que o setor energético brasileiro é um dos mais seguros do mundo. Mas reconhece que há riscos em um sistema interligado com mais de 80 mil quilômetros de extensão: — A necessidade de transferência de grande bloco de energia por meio de interligação de sistemas regionais podem causar panes. O sistema é sujeito a ventania, raios, sabotagem, atentado, greve e falha humana.
O especialistas em energia Helder Queiroz, do Instituto de Economia da UFRJ, lembra que, no caso de um país de dimensões continentais como o Brasil, as longas linhas de transmissão ainda são a melhor opção.
— Pequenas linhas não seriam viáveis. Seria como se cada apartamento de um prédio tivesse sua própria caixa d´ água para usá-la apenas quando houvesse falta de água.
O presidente do Associação dos Operadores do Estado de São Paulo, Washington Maradona, alerta que a fiscalização do setor é falha. Segundo ele, as empresas privadas reduziram o efetivo de pessoal em quase 60% desde os anos 90 e a fiscalização feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é insuficiente, deixando o setor vulnerável Um ex-dirigente do sistema alerta que, para aperfeiçoar a segurança, a sociedade brasileira terá de pagar mais caro pela energia, para compensar o custo desses investimentos.
O apagão que atingiu 18 estados brasileiros e retirou 45% da carga de energia do país foi causado por raios, chuvas e ventos que derrubaram três linhas de transmissão que levavam a energia da hidrelétrica de Itaipu para o Sudeste e o Centro-Oeste. Especialistas alertam que o sistema interligado brasileiro, conhecido como um dos mais seguros do mundo, ainda está vulnerável e precisa de novos mecanismos de proteção para evitar novas quedas de energia. Nos últimos dez anos, novas linhas de transmissão foram construídas, medidas de segurança foram idealizadas e um sistema de "ilhamento" foi concebido, permitindo que algumas áreas pudessem ter energia, mesmo se fechando em si e garantindo o abastecimento de áreas especificas. Não há explicação para o fato de esse sistema ter falhado no Sudeste. No Rio, 2.906 crianças ficaram sem aulas por falta de água.
Para especialistas, apagão mostrou que sistema elétrico não é infalível
Mecanismo que permite isolar áreas afetadas por blecaute falhou no Rio
Gustavo Paul, Eliane Oliveira, Ramona Ordoñez e Danielle Nogueira
BRASÍLIA e RIO. O setor elétrico brasileiro é considerado seguro, mas não é invulnerável. Essa é a opinião de analistas para os quais, apesar dos avanços na segurança do sistema desde o grande apagão de março de 1999, não há como garantir uma operação totalmente sem riscos.
Nos últimos dez anos, novas linhas de transmissão foram construídas, medidas de segurança foram idealizadas e um sistema de “ilhamento” foi concebido.
Por esse sistema, se uma linha cai, o restante não deveria ser atingido, fechando-se em si e garantido o abastecimento de áreas específicas.
Entre as medidas de segurança adotadas está a implantação de linhas de transmissão de reserva nas existentes, para serem acionadas em caso de falhas. O problema é que na noite da última terça-feira nada disso funcionou.
Em um movimento inédito, toda as linhas de Itaipu (inclusive a de reserva) entraram em colapso, e o sistema de “ilhamento” não funcionou completamente.
— A possibilidade de as cinco linhas de Itaipu caírem ao mesmo tempo é tão rara quanto alguém ganhar ao mesmo tempo na mega-sena e na loteria da Califórnia — disse o consultor Eduardo Bernini, ex-presidente da distribuidora Eletropaulo.
Sistema de ‘ilhamento’ já foi usado em réveillon Segundo um técnico do Operador Nacional do Sistema (ONS), o Rio recebe energia de Itaipu principalmente por duas linhas de transmissão de 500 Kilovolts (Kv). Quando essa energia deixou de ser transmitida, o sistema de segurança das usinas nucleares de Angra 1 e 2 desligaram as duas centrais, que estavam operando com cerca de 80% de capacidade. O técnico acredita que a falta repentina de um volume tão grande de energia fez com que o sistema de segurança que poderia “ilhar” o Estado do Rio, não funcionasse.
— Houve um problema em uma das linhas de corrente alternada de Itaipu, derrubando as demais. O sistema de segurança que deveria ter ilhado o problema não funcionou. Mas garanto que o sistema elétrico nacional é robusto, e o ocorrido não foi por falta de investimentos — disse o presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes.
Para o ex-secretário estadual de Energia do Rio e atual presidente da Cedae, Wagner Victer, o “ilhamento” seria uma alternativa viável porque o Estado do Rio produz mais energia do que consome. Assim, a energia que deixaria de ser recebida de Itaipu seria compensada pela energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2, bem como a das cinco térmicas existentes no estado.
— Em 2001, 60% do abastecimento energético do Rio dependia de Itaipu. Hoje, o Rio tem um excedente de 20% em sua geração de energia — disse Victer.
Segundo ele, esse mecanismo foi acionado em sua gestão (1999-2006) durante festas de réveillon e deveria estar em pleno funcionamento para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, para evitar problemas.
Falta de fiscalização deixa setor vulnerável, diz analista O sistema de abastecimento da região central de São Paulo (incluindo metrô e principais hospitais) também não foi acionado a tempo.
— O ilhamento existe no conceito e na prática, mas simplesmente não funcionou. É preciso identificar as causas do problema, e não tratá-lo como uma marolinha — disse Bernini.
Para o governo, o mecanismo de ilhamento não foi considerado um problema. Segundo Luiz Eduardo Barata, diretor de Operação do ONS, as ilhas devem A EQUIPE do Ministério de Minas e Energia, liderada por Lobão, explica as razões do blecaute: “descarga elétrica” Givaldo Barbosa funcionar depois de ocorrido o blecaute. Segundo ele, isso ocorreu.
Já as usinas de Angra demoram até 24 horas para serem religadas, como qualquer unidade nuclear, defendeu: — Houve um problema sério, mas o sistema funcionou corretamente.
Os sistemas do Norte, Nordeste e Sul se desligaram.
Ainda assim, os analistas recomendam aperfeiçoar o setor.
Para Marcos Alves,gerente técnico da Treetech Sistemas Digitais, empresa especializada em linhas de transmissão, o “ilhamento” tem de ser aperfeiçoado, bem como a modernização do sistema de fiscalização dos equipamentos.
Já o consultor de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan, Antonio Carlos Porto Araujo, disse que o setor energético brasileiro é um dos mais seguros do mundo. Mas reconhece que há riscos em um sistema interligado com mais de 80 mil quilômetros de extensão: — A necessidade de transferência de grande bloco de energia por meio de interligação de sistemas regionais podem causar panes. O sistema é sujeito a ventania, raios, sabotagem, atentado, greve e falha humana.
O especialistas em energia Helder Queiroz, do Instituto de Economia da UFRJ, lembra que, no caso de um país de dimensões continentais como o Brasil, as longas linhas de transmissão ainda são a melhor opção.
— Pequenas linhas não seriam viáveis. Seria como se cada apartamento de um prédio tivesse sua própria caixa d´ água para usá-la apenas quando houvesse falta de água.
O presidente do Associação dos Operadores do Estado de São Paulo, Washington Maradona, alerta que a fiscalização do setor é falha. Segundo ele, as empresas privadas reduziram o efetivo de pessoal em quase 60% desde os anos 90 e a fiscalização feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é insuficiente, deixando o setor vulnerável Um ex-dirigente do sistema alerta que, para aperfeiçoar a segurança, a sociedade brasileira terá de pagar mais caro pela energia, para compensar o custo desses investimentos.
!Especialistas alertam que o sistema interligado brasileiro, conhecido como um dos mais seguros do mundo, !!
ResponderExcluirEu realmente nao sei a qual mundo se refere. Porque eu nasci no Brasil, vivi 18 anos da minha vida la e nao conheci um sistem tao vulneravel come esse.
Na regiao centro oeste, a ocilacao da eneriga eletrica é enorme e pelomenos uma vez ao més falta ou falha.
Eu vivo e vivi em muitas cidades da europa e algo igual, como o fornecimento de energia eletrica brasileira, nao existe aqui.
Em meus 14 anos de europa, nunca faltou si quer um minuto a energia eletrica, ao menos nos lugares que eu estive ou vivo. Coisa que ai é cotidiano!