terça-feira, 10 de novembro de 2009

Contra a 'armadilha' de Lula

DEU NO ESTADO DE MINAS

Em discurso para empresários paulistas, com fortes críticas ao governo federal, Aécio diz que a oposição tem de desarmar a tentativa dos adversários de fazerem um grande plebiscito em 2010


Patrícia Aranha

Com duras críticas ao governo Lula, a quem acusou de inchar a máquina pública, promover um retrocesso administrativo e cooptar sindicatos e movimentos sociais, o governador Aécio Neves (PSDB) se colocou ontem como uma alternativa da oposição para fugir do que considera a principal armadilha feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a de transformar a eleição do ano que vem num plebiscito sobre o atual governo. “Tenho colocado meu nome à disposição do partido para uma construção diferente daquela que está sendo proposta hoje, que ajude a fugir da armadilha da eleição plebiscitária que nos tem sido colocada, atraindo até mesmo algumas forças que hoje estão próximas do governo, mas não necessariamente estarão no apoio a uma candidatura, por exemplo, do PT”, afirmou, logo depois de debate com empresários, em São Paulo.

Um dos pré-candidatos do PSDB à Presidência da República, Aécio criticou o uso da máquina pública na campanha eleitoral. “A oposição não tem dúvida de que não estará enfrentando um candidato e seu partido, mas um partido e candidato que hoje se confundem com o próprio governo e com o próprio Estado, como se esse fosse hoje um partido”, atacou, durante o discurso. O governador, que tem pressionado o PSDB a definir até dezembro o nome do candidato a presidente, convocou a oposição a começar agora a inverter o jogo do governo. “Precisamos desarmar essas armadilhas antes do embate começar, impossibilitando a manipulação do Estado como se a eleição plebiscitária fosse, desfazendo a proposta de confronto. O embate está começando e a oposição tem de invertê-lo já”, defendeu.

O governador voltou a afirmar que não será candidato a vice numa eventual chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra. “Não preciso estar numa chapa para apoiar o candidato do PSDB, seja ele o Serra ou outro. Acho que num quadro partidário tão plural como o brasileiro, seria uma certa prepotência um partido achar que pode solitariamente compor uma chapa”, argumentou. Depois de nova conversa por telefone, com Serra, que insiste em adiar a indicação do candidato para o final de março, o governador voltou a dizer que não pretende esperar até o “fim dos prazos legais”. Se não houver definição até dezembro, será candidato ao Senado.

recado O crescimento da economia, uma das bandeiras do governo Lula, foi minimizada por Aécio, que também acusou o governo de promover um retrocesso administrativo. “O atual governo, me permitam a franqueza, não introduziu mudanças em matéria econômica e financeira. Ao contrário, perdeu oportunidades num ciclo expansivo da economia mundial e, como já disse, menos ainda agregou o que quer que seja do ponto de vista administrativo. Nesse caso, registre-se, ocorreu um retrocesso”, atacou.

Já sob o ponto de vista político, o governador mineiro mandou um recado aos movimentos sociais que, segundo ele, “se incorporaram ao governo ou foram por ele cooptados”. Num eventual governo do PSDB, esse setor não será tratado como inimigo. “Que os servidores profissionais não se deixem impressionar. Que os partidos e candidatos que eventualmente apoiam o governo saibam e tenham garantias de que não será nenhuma disputa de vida ou morte, porque o Brasil precisa de todos”, disse.

Ao discorrer sobre o que chama de era pós-Lula, o governador disse que o inchaço da máquina pública será um dos desafios a ser enfrentados pelo próximo governo. “Não podemos permitir o desordenado crescimento das despesas com o financiamento da máquina pública, como tem ocorrido hoje, quando a prioridade nacional absoluta é investir para mover a roda da economia. Enquanto essas despesas cresceram de forma alarmante, nos últimos seis anos, nossos investimentos continuam em patamares ainda extremamente modestos”, criticou.

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