quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DEM diz que apoia PSDB com Serra ou Aécio

DEU EM O GLOBO

Em almoço, líderes decidem frear as divergências públicas, mas não escondem incômodo com indefinição tucana

Maria Lima e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. O bombardeio da dupla Rodrigo Maia/Cesar Maia (DEM-RJ) sobre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nas últimas semanas levou a cúpula do DEM a realizar ontem uma manifestação pública de unidade em defesa da aliança com os tucanos na eleição presidencial de 2010, independentemente de quem venha a ser o candidato do PSDB. Após um almoço, dirigentes e líderes do DEM declararam apoio incondicional ao candidato do PSDB e o fim das divergências públicas.

Nos bastidores, porém, ainda há incômodo de alguns com a demora dos tucanos a pôr o candidato e a campanha nas ruas.

O racha entre os partidários dos governadores Aécio Neves (MG) e Serra no DEM vem se explicitando a cada dia.

Provocaram o auge do mal-estar no PSDB as declarações do ex-prefeito do Rio Cesar Maia de que Serra, com a indefinição de sua candidatura ao Planalto, está se comportando “como os piores caudilhos”.

Sentado à mesa com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, fez um mea culpa ao admitir que o pai passara dos limites ao chamar Serra de caudilho.

Houve unanimidade na condenação aos ataques.

Partido mantém pressão sobre escolha do candidato Entretanto, a avaliação no partido é que as declarações de Cesar Maia serviram para que o DEM se unisse e desse o seu recado aos tucanos. Ao se comprometer com o potencial candidato do PSDB, o DEM está mais uma vez cobrando que os tucanos apresentem logo esse candidato.

— O almoço serviu para mostrar a unidade do DEM e o apoio consensual ao PSDB, independentemente de quem seja o candidato escolhido. Colocamos um freio às manifestações de preferências explícitas. A nossa parte, nós fizemos — disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

— Foi um almoço Pollyana, só para fazer o jogo do contente, mostrar que o partido, embora cada um tenha sua preferência, está conformado com a ideia de que haverá apoio incondicional ao PSDB, independentemente da escolha por Aécio ou Serra, ou chapa pura — disse o senador Demóstenes Torres (GO).

— Foi um almoço para tirar foto e mostrar o discurso oficial do partido, de que a decisão unânime é apoiar o que o PSDB decidir — disse o deputado José Carlos Aleluia(BA).

Só o governador Arruda discursou e fez um apelo para que as preferências não fossem explicitadas, por enquanto, para evitar o desgaste da candidatura de oposição.

— O DEM tem que apoiar incondicionalmente o PSDB, seja quem for o candidato, para voltarmos ao poder. Foi muito boa a experiência na oposição, mas cansei — disse Arruda, que está numa cadeira de rodas por causa de uma cirurgia no tendão.

Em enquete feita pelo GLOBO mês passado, ouvindo as bancadas do DEM na Câmara e no Senado, ficou evidente a divisão do partido em relação aos dois pré-candidatos. A maior parte dos parlamentares afirmou que Serra é o nome que tem mais chance de vencer a disputa de 2010. Mas quando perguntados sobre qual dos dois preferiam, Aécio ganhou na preferência dos deputados e senadores. O prefeito Kassab minimiza as divergências que, segundo ele, ocorrem no próprio PSDB: — A divergência que existe em alguns momentos, aparente, é que alguns têm preferência por um candidato do PSDB, outros por outros. Eu tenho preferência pelo candidato Serra. Entendo e respeito. No próprio PSDB há quem tenha preferência pelo Serra, outros pelo Aécio.

Não vejo divisão

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