quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DEM tenta afinar discurso

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Partido não fará pressão para PSDB antecipar nome

Christiane Samarco, BRASÍLIA

Reunida ontem para afinar o discurso em favor do apoio "incondicional" ao PSDB nessa fase de pré-campanha presidencial, a cúpula do DEM definiu novo lema para 2010: "Precisamos estar juntos para vencer".

A frase serviu para enquadrar o presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ). No mês passado, ele era o porta-voz da insatisfação da legenda com a demora na escolha do presidenciável tucano e cobrava rapidez.

Agora, o comando do DEM decidiu que não fará pressão para antecipar um nome. Seja quem for o escolhido e seja a chapa "puro-sangue" ou não, o PSDB terá o apoio do DEM.

O anfitrião do encontro foi o único governador do partido - José Roberto Arruda, do Distrito Federal. Ao final do almoço, na residência oficial de Águas Claras, ele tomou o microfone para anunciar, em nome de todos os presentes, a decisão que já estava tomada. "Todos queremos voltar ao poder", afirmou. Segundo ele, o primeiro passo é unir a sigla em torno do PSDB, independentemente de a chapa presidencial incluir, ou não, os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).

Dez dias atrás, quando o almoço em Brasília foi planejado, a ideia era franquear a palavra aos líderes do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), e no Senado, José Agripino (RN), além de Rodrigo Maia e do ex-presidente Jorge Bornhausen. A unidade ficaria demonstrada nos discursos, todos em tom conciliatório e de apoio ao PSDB.

À última hora, no entanto, os dirigentes do partido tiveram de mudar o script. O motivo que inspirou o novo formato da reunião foram as declarações dadas na véspera pelo ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM), pai de Rodrigo.

Além de reafirmar sua preferência pela candidatura Aécio, César subiu o tom das críticas a Serra. Segundo o ex-prefeito, o governador paulista lembra os "piores caudilhos". O raciocínio é de que, mais do que apontar o candidato como fazem os caudilhos, Serra se intitula candidato.

Diante do mal-estar geral, Rodrigo Maia teve de passar o dia se explicando aos companheiros. Em conversas reservadas, o presidente do partido insistiu na tese de que a opinião de seu pai não é necessariamente a dele.

"Eu não sou o César Maia", declarou o deputado a vários interlocutores, na tentativa de minimizar os atritos com a ala serrista e de acalmar o governador de São Paulo, que tem se queixado dele e do pai com frequência. Embora o PSDB não tenha unidade em torno da candidatura de Serra, a ala serrista ainda é majoritária.

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