domingo, 8 de novembro de 2009

Dilma sobe o tom e ataca também a imprensa

DEU EM O GLOBO

Em evento com prefeitos petistas, ministra fala como candidata e pede empenho do partido para "buscar a vitória"

Soraya Aggege

SÃO PAULO. Depois de se apresentar como a possível sucessora do presidente Lula, na noite de sexta-feira, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, subiu o tom dos ataques à oposição, que voltou a chamar de “patética e desconexa”, e também criticou a imprensa. A uma plateia de cerca de mil prefeitos e viceprefeitos petistas, além dos principais líderes do partido, Dilma falou como candidata à Presidência e pediu que os petistas buscassem a vitória em todos os municípios do país. Ela disse que seria a continuidade do governo Lula e reforçou o tom plebiscitário que o presidente pretende dar à disputa de 2010.

Segundo Dilma, diante das realizações dos dois mandatos do presidente Lula e sem projetos, a oposição se sente ameaçada e substituiu a “oposição partidária pela partidarização de setores da mídia”: — A consequência é o crescente isolamento da oposição, que se vê sem projetos e cada vez mais sem apoio da base social.

Talvez seja essa a explicação por terem trocado a oposição partidária por uma oposição midiática, com a crescente partidarização de alguns segmentos da imprensa. Mas o fato é que a própria realidade destruiu os dogmas da oposição (aplicados nos oito anos de governo tucano) — discursou Dilma, ovacionada ao som de palavras de ordem e dos antigos jingles das campanhas de Lula.

Ela prosseguiu listando esses dogmas que, segundo afirmou, teriam sido destruídos pelo governo petista: — O dogma de que distribuir renda era incompatível com o crescimento econômico; de que havia um teto para o Brasil crescer ou haveria inflação; o dogma de que o salário mínimo não poderia crescer. Também foi destruído o dogma de que o Estado mínimo é uma exigência da modernidade.

Foi esse Estado, que não era mínimo, que não privatizou e que tinha bancos públicos que pôde investir no setor privado. Foi destruído o dogma de que o povo precisa de formadores de opinião; o dogma de que o desenvolvimento econômico é incompatível com a sustentabilidade foi destruído.

Berzoini: tucanos têm medo da autoridade do povo Dilma deu as diretrizes para os petistas iniciarem a campanha, com ênfase na comparação entre o governo Lula e a administração tucana.

— O que se jogará no ano que vem é o confronto entre dois Brasis: o que terminou em 2002 e o de 2009 e 2010. Para nós, (a eleição) será dar continuidade, o que significa sempre avançar.

As políticas sociais precisam ser defendidas por todos nós com unhas e dentes. É por isso que falo aqui da nossa grande, enorme, imensa responsabilidade em dar continuidade a esse governo e fazer avançar.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), afirmou que a campanha eleitoral só começa oficialmente em junho, mas admitiu que a pré-campanha já se iniciou. Ele rebateu as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, feitas em artigo publicado no último domingo no GLOBO, quando disse haver “subperonismo” e “autoritarismo popular” no governo.

— O ex-presidente “Fracassando Henrique Cardoso” escreveu um artigo e disse que o Brasil caminha para o autoritarismo popular. Ele está confundindo. O que acontece é que o povo se identifica com o governo Lula. A frase do Fernando Henrique demonstra que eles têm medo da autoridade do povo.

E provocou os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), pré-candidatos: — Vocês viram uma só frase do Serra ou do Aécio defendendo o Fernando Henrique? Não, porque os dois têm medo desse debate

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