Três principais candidatos fazem parte da tendência Construindo um Novo Brasil, a antiga Articulação
Alfredo Junqueira, de O Estado de S.Paulo
RIO - Bate-bocas, troca de acusações e até confrontos físicos estão marcando a mais acirrada disputa pela presidência do PT no Rio desde que foi estabelecido o processo de eleições diretas (PED) no partido. O resultado do pleito que acontecerá amanhã é apontado como determinante para definir como a sigla participará na campanha pelo governo do Estado no ano que vem. Cerca de 30 mil militantes devem votar.
O PT está dividido entre os que querem apoiar desde o primeiro turno a campanha pela reeleição do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e aqueles que preferem lançar candidato próprio - no caso, o ex-líder estudantil e atual prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. É provável que sejam necessários dois turnos para decidir quem será o novo presidente do partido no Rio.
Os três principais candidatos fazem parte da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), a antiga Articulação - denominação que foi abolida depois que o escândalo do mensalão abalou o partido em 2005. O deputado federal Luiz Sérgio é o único que defende abertamente a aliança com Cabral. O ex-subsecretário estadual de Direitos Humanos Lourival Casula é o nome apoiado por Lindberg.
A terceira força é o assessor especial da presidência da República Bismarck Alcântara. Na noite de quinta-feira, 19, durante o último debate entre o candidatos, o embate chegou ao ápice. Alguns militantes mais exaltados de Luiz Sérgio e de Casula tiveram que ser contidos para não se agredirem.
"Estou do lado do projeto de alianças elaborado pela direção nacional, com o apoio do presidente Lula. A prioridade é a candidatura da ministra (chefe da Casa Civil) Dilma Rousseff", afirma Luiz Sérgio, que tem o apoio da atual direção do partido no Rio e de algumas das principais lideranças do PT fluminense, como o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, da maior parte das bancadas federal e estadual e de oito dos dez prefeitos da sigla no estado.
"Creio que 80% ou mais dos militantes do partido preferem a candidatura própria", defendeu Casula, argumentando que o apoio ao governador já no primeiro turno também poderia trazer problemas para a candidatura de Dilma.
Além de Cabral e de Lindberg, a pré-candidata do PT à presidência conta com o apoio do ex-governador Anthony Garotinho (PR), que quer voltar ao Palácio Guanabara. "Se a gente não lança candidatura própria e fica desde o início com o Cabral, é capaz do Garotinho ficar irritado e abrir seu palanque para outro candidato. É bom lembrar que o PSDB ainda não tem candidato no Rio", disse Casula, que tem apoio declarado de Lindberg, do ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, do deputado federal Carlos Santana, entre outros.
Apesar de ser apontado como terceira força, Bismarck Alcântara está otimista com a possibilidade de ir para o segundo turno. Ele discorda, no entanto, que a escolha do novo presidente seja determinante para definir como o partido disputará as eleições no Rio. "Algumas pessoas colocaram a carroça na frente do bois. O PED é uma eleição interna nossa. Vai escolher o presidente e as chapas do diretório. Depois, os delegados para o congresso é que vão debater como o partido vai participar das eleições do ano que vem", afirmou Alcântara. Ele ressaltou, no entanto, que é favorável à formação de uma frente de partidos de esquerda no Rio e que não considera boa a administração Cabral.
"Poderia ser o melhor governador do Brasil, com todos os recursos que o governo federal está repassando para o Rio. Não é o caso. Além disso, chamar trabalhador de vagabundo e colocar a polícia para bater em professor não é atitude com a qual concordamos", afirmou o assessor especial da presidência, que tem o apoio de Vladimir Palmeira, do líder do PT na Assembleia Legislativa, Rodrigo Neves, e do ex-prefeito de Niterói Godofredo Pinto.
Representante da tendência Mensagem ao Partido, liderada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, o vereador de Niterói Waldeck Carneiro é um azarão da disputa. Ele foi o único dos candidatos a alertar que o PED não deveria se limitar a uma disputa entre aliança e candidatura própria. "Virou um par ou ímpar entre Cabral e Lindberg. Isso apequenou o debate", afirmou. Além dele, outro candidato menos cotado é o presidente da Câmara Municipal de Mesquita, na Baixada Fluminense, André Taffarel.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
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