domingo, 22 de novembro de 2009

Envolvidos com mensalão reabilitados

DEU EM O GLOBO

Dirceu, Mentor, João Paulo e José Nobre estão na chapa de José Eduardo Dutra

BRASÍLIA. Além dos problemas regionais, o PED também deve confirmar hoje outra tendência no novo comando do PT: o retorno da influência de petistas que estavam marcados pelo escândalo do mensalão, que tomou conta do partido em 2005. Na chapa de Dutra estão listados petistas que vinham articulando à margem, como o exministro José Dirceu e outros citados no mensalão como os deputados José Mentor (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e José Nobre Guimarães (PT-CE), que ficou conhecido com o escândalo dos dólares na cueca. Eles devem ser reabilitados pelo voto no PED e, com isso, terão papel importante na campanha de Dilma.

— São petistas em pleno gozo dos direitos políticos e partidários. O Zé Dirceu passa a ter uma atuação institucional. Ele vai sempre ser um grande articulador político. Como presidente do PT, ele conduziu o processo de eleição do Lula com autoridade. É claro que não podemos abrir mão dessa experiência nesse processo da Dilma — disse José Eduardo Dutra.

Nos debates internos para a eleição de hoje foram presenciadas queixas e desconfianças de quase tudo, menos sobre a volta ou não dos réus no caso do mensalão ao comando do partido. As críticas mais comuns dos demais candidatos são relativas à inação do partido junto à militância, deixando toda a política do partido nas mãos do presidente Lula.

— O que está em jogo é o tipo de partido que deve buscar o terceiro mandato do PT (no governo).

Mas o que constatamos é um partido inerte. Não há pré-campanha da Dilma. E as articulações em favor da candidata são feitas mais pelo Lula do que pelo PT. É um partido em que a direção se distanciou da militância.

Temos que estimular a militância até porque uma eleição sem Lula tem uma diferença muito grande — afirma o candidato da corrente “Movimento PT”, o deputado Geraldo Magela (DF).

Para o deputado José Eduardo Cardozo (SP), atual secretário-geral do PT e candidato pela “Mensagem ao Partido”, o maior desafio desse PED é construir a unidade em torno de Dilma, mas também a unidade partidária.

— Se essa eleição trouxer um fator desagregador, o partido ficará diminuído para 2010. E temos que ter em conta que o principal objetivo do PED para 2010 é a construção da unidade partidária.

— Se tivéssemos construído um consenso, num acordo que envolvesse todo o partido, teria sido melhor. Fazer um PED num momento pré-eleitoral, como este, não é o ideal. Até porque esse PED não teve o entusiasmo e o calor das eleições anteriores — lamenta a deputada Iriny Lopes (PT-ES), candidata da tendência “Articulação de Esquerda”.

Nesses últimos quatro meses, o Palácio do Planalto olhou com desconfiança o PED, o excesso de candidaturas e as disputas internas. Para o presidente Lula, o ideal teria sido uma candidatura única para que não houvesse disputa e o partido fosse unido para as eleições de 2010.

Mas o único nome de consenso que seria aceito por praticamente todas as correntes do PT seria o do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Sua ida para o comando do PT foi vetada, porém, pelo próprio Lula, que não queria abrir mão de seu auxiliar mais próximo e fiel.

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