domingo, 29 de novembro de 2009

Honduras busca nas urnas saída para crise política de cinco meses

DEU EM O GLOBO

Vencedor terá de superar divisões internas e reaproximar país do mundo

Flávio Freire Enviado Especial

TEGUCIGALPA. Mergulhada em crise política, instabilidade institucional e um déficit fiscal progressivo, Honduras realiza hoje sua eleição presidencial diante de pelo menos 300 observadores internacionais.

O grupo atuará para evitar que eventuais fraudes eleitorais prejudiquem o já conturbado processo eleitoral.

Com cerca de oito milhões de habitantes e pouco mais da metade com direito a voto (que não é obrigatório), o país está dividido entre legitimar ou não o pleito que escolherá um dos cinco candidatos como o novo mandatário, a quem caberá uma tarefa que vai além da reconciliação nacional. Quem vencer assumirá a responsabilidade da reaproximação com países que não reconhecem a eleição como legítima — caso do Brasil. No entanto, o discurso pela unidade interna tem ganhado força em diferentes setores.

Nas eleições de 2005, houve 45% de abstenção — Primeiro, vamos olhar para dentro, para nossas questões internas. Em seguida, recuperar o diálogo com todas as nações — adiantou Porfírio Pepe Lobo, candidato do Partido Nacional, que faz oposição ao governo de fato, sob comando de Roberto Micheletti.

— Estamos prontos para estabelecer uma mesa de negociação com todos os países, inclusive com o Brasil, nosso parceiro — garantiu ontem outro forte candidato, Elvin Santos, do PL.

Jungmann diz que posição do Brasil é complicada Único observador eleitoral brasileiro, o deputado Raul Jungmann (PPS), que ontem acompanhava a entrevista coletiva de Santos, avalia que o Brasil está em situação complicada do ponto de vista diplomático: — Se confirmada amanhã (hoje) uma grande maioria de eleitores nas urnas e uma eleição sem fraude, o Brasil ficará num dilema. Mais cedo ou mais tarde, se for este o cenário, terá que reconhecer o pleito, sob risco de não estar reconhecendo uma eleição legítima.

O presidente deposto, Manuel Zelaya, por sua vez, mantém a campanha para impugnar o pleito, sob o pretexto de que o processo é decorrente de um movimento golpista.

— A eleição não tem formação jurídica, e por isso a comunidade internacional a repudia — disse ele.

Licenciado do governo até a próxima quarta-feira, quando o Congresso Nacional decidirá se Zelaya deverá ou não voltar ao cargo, o presidente de fato, Roberto Micheletti, reapareceu ontem. Em entrevista a uma rádio, convocou a população a votar. E assegurou: — Não precisam ter medo.

Depois de uma semana marcada por explosões de bombas diante da Suprema Corte, de antenas de energia e até dentro de ônibus, o clima de tensão também aumentou ontem na cidade, quando a sede de uma das principais rádios da cidade foi atacada. Todo o efetivo policial e das Forças Armadas estará nas ruas hoje.

Em comunicado à imprensa, a Anistia Internacional informou na sexta-feira ter conhecimento de que o governo armazenaria 10 mil bombas de gás lacrimogêneo.

“O temor é que as forças de segurança façam uso excessivo desse material”

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