domingo, 15 de novembro de 2009

Marina usa blecaute para atacar governo

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Sem citar nomes, ela criticou Dilma por não assumir "responsabilidade" no caso

Roberto Almeida

Em meio à troca de acusações entre PT e PSDB em virtude do blecaute da última terça-feira, a senadora e pré-candidata pelo PV à Presidência, Marina Silva, manteve um ponto de vista técnico sobre o assunto durante a semana. Esquivou-se de atacar diretamente o Planalto. Ontem, porém, durante congresso do PV em São Paulo, Marina teceu duras críticas ao governo e à ética de seus ex-colegas que "evitam responsabilidades" e "terceirizam problemas".

Em tom de desabafo, durante discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo para correligionários verdes, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente contrapôs dois episódios que marcaram sua passagem pela pasta - o desmatamento recorde de 2004 e o assassinato da irmã Dorothy Stang, em 2005 - à resposta pouco convincente do governo ao blecaute.

Naquelas ocasiões, apontou Marina, sua posição como ministra era necessariamente de "encarar os problemas" e "dar exemplo de bom comportamento na vida pública".

A senadora lembra que, apesar de desgostosa com os dados do desmatamento que tinha em mãos em 2004, deu a cara para bater e fez pessoalmente o anúncio à imprensa. Em seguida, ofereceu um plano para reverter o quadro, que segundo ela ocasionou a queda expressiva do corte de árvores na Amazônia.

VITÓRIA

O anúncio de que a floresta só perdeu uma área de 7 mil km², a melhor marca em 21 anos, foi feito esta semana pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e não pelo Ministério do Meio Ambiente, como de praxe.

"Quando é uma vitória, todo mundo quer assumir, mas quando acontece um problema, poucos assumem", criticou a senadora, sem citar nomes, mas fazendo uma crítica velada ao comportamento de Dilma, que "sumiu" no dia seguinte ao do apagão, que atingiu 18 Estados, para não ser questionada sobre o blecaute.

Com relação ao caso da missionária Dorothy Stang, Marina ressaltou que se sentiu obrigada a interferir diretamente nas investigações. Ela pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a Polícia Federal assumisse as apurações do assassinato, que teve repercussão mundial.

Sob essa perspectiva, a senadora disse concordar com Lula sobre o "achismo" que rondou o Planalto, que titubeava quanto às explicações do blecaute. E sublinhou que fez parte do coro que pediu explicações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na Comissão de Infraestrutura do Senado. "Quando eu estava no governo, falava do "princípio da precaução". As pessoas não gostavam muito", alfinetou Marina. "Mas quando se trabalha com esse princípio, há menos erros, menos prejuízos políticos e morais."

Ela manteve o mesmo tom crítico quando questionada sobre desgaste político em geral. "Eu sofri muito desgaste, mas para defender aquilo que eu acredito", disse. "O que não queremos é o desgaste do ponto de vista ético."

PRÓXIMOS PASSOS

Marina, que teve ampla agenda de eventos em São Paulo na última semana, deve retornar ao Estado antes da Conferência de Copenhague, em dezembro. O diretório estadual do PV estuda uma agenda no ABC paulista no próximo dia 7.

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