sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sindicato ligado aos Kirchner bloqueia distribuição de jornais

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Silvana Arantes
De Buenos Aires


Uma ação do sindicato argentino dos caminhoneiros, que bloqueou parcialmente a distribuição dos jornais "Clarín" e "La Nación", ontem e anteontem, provocando atrasos nas entregas, voltou a elevar a tensão entre o governo Cristina Kirchner e a imprensa do país.
O "Clarín", que está em atrito com o governo, classificou de "tentativa encoberta de censura" a ação do sindicato, que também afetou a distribuição de revistas.

Vinculado à CGT (Confederação Geral do Trabalho), central sindical alinhada ao kirchnerismo, o sindicato dos caminhoneiros exigia a afiliação dos trabalhadores do setor de distribuição de jornais.

As negociações estavam em andamento havia nove meses. Segundo o diário "Crítica", o presidente da CGT, Hugo Moyano, que é pai do líder do sindicato dos caminhoneiros, Pablo Moyano, reuniu-se na residência presidencial com o ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, horas antes da operação, para a qual teria obtido seu aval.

Os jornais atingidos e setores da oposição veem o conflito sindical protagonizado pelo sindicato dos caminhoneiros como uma derivação da Lei de Serviços Audiovisuais aprovada no mês passado pelo governo Cristina -que regula os setores de rádio e TV, mas não o de imprensa escrita.

Por essa ótica, o novo episódio se inscreve na série de episódios recentes envolvendo o governo federal dos quais o Grupo Clarín saiu prejudicado.

Em agosto, a Associação do Futebol Argentino rompeu contrato com empresa do grupo para a transmissão de torneios de futebol por TV a cabo. A AFA assinou acordo com o Estado, que passou a exibir as partidas em canal público.

Em setembro, a sede do diário "Clarín" e residências de diretores do grupo foram alvo de operação-surpresa da Receita Federal, na qual cerca de 200 agentes foram mobilizados.

No mês passado, o governo Cristina conseguiu aprovar a Lei de Serviços Audiovisuais, com o declarado objetivo de "desmonopolizar o setor". A mudança obriga o Grupo Clarín a reduzir seus negócios na TV a cabo.

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