domingo, 8 de novembro de 2009

Werneck Viana - Teses sobre o governo Lula: Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Crítico do governo Lula, o cientista político Luiz Werneck Viana, do Iuperj, inspirou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a caracterizar o governo Lula como um projeto de poder que mistura o nacional-desenvolvimentismo com o resgate do populismo da Era Vargas. No texto intitulado Tópicos para um debate sobre conjuntura (http://www.acessa.com/gramsci), Werneck sintetiza a série de artigos que escreveu nos últimos anos sobre o atual governo.

Para o cientista político carioca, a crise de 2008 serviu como teste do capitalismo brasileiro e do atual governo, que projeta externamente “uma ordem grã-burguesa”. O presidente Lula desenvolve uma estratégia de Estado consciente dos seus objetivos econômicos e políticos de maximização de poder, em estreita articulação com o grande empresariado. Segundo Werneck, a crescente mobilização de recursos e fins da política para a condução da economia “já indicam uma via de capitalismo politicamente orientado, velha conhecida da tradição republicana brasileira, a partir da qual, em conjunturas diversas — a de Vargas, a de JK, e a do regime militar — realizou-se o processo de modernização do país.”

Efeito da crise

A crise trouxe de volta o tema do Estado e de seu papel como agência organizadora da economia. Na opinião de Werneck Viana (foto), atualizou, imprevistamente, o repertório da tradição republicana brasileira, “com os patéticos postulados de grandeza nacional que já se fazem ouvir”. Para ele, políticas estratégicas são conduzidas pelo Estado sem anuência explícita da sociedade civil e de suas instâncias de deliberação. “É toda uma forma de Estado que ressurge, em particular no novo papel concedido às corporações e à representação funcional. O Estado se amplia com a incorporação de representantes das entidades classistas de empresários e de trabalhadores”, destaca.

Equívoco

Para Werneck, porém, é falso e anacrônico conceber a próxima sucessão eleitoral como a reedição dos embates entre a UDN e o PTB. “Estado forte, sim, mas sob controle da sociedade, e não sobreposto assimetricamente a ela”, avalia. Segundo ele, o capitalismo brasileiro é um experimento bem sucedido, com parque industrial diversificado, mercado interno em expansão, um pujante agronegócio e um sistema financeiro racionalizado, que se mostrou capaz de atravessar sem maiores abalos a crise mundial de 2008. E o Judiciário promove uma reforma que vai racionalizar ainda mais o Estado.

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