segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Zelaya rejeita divisão de gabinete

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Para presidente hondurenho deposto, acordo de Tegucigalpa está fracassado

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, anunciou ontem que rejeita a proposta feita pelo presidente do governo de facto, Roberto Micheletti, para dividir em partes iguais o governo de unidade, proposto no acordo assinado por ambos na semana passada.

"Agora estão pedindo um resgate por Honduras. Para entregar Honduras estão pedindo que façamos a concessão de metade do gabinete, além disso, que Micheletti coordene o governo de unidade e reconciliação", declarou Zelaya, deposto em 28 de junho, à Rádio Globo. "O que estão propondo é praticamente outro golpe à democracia, por isso as propostas não foram aceitas por nós", acrescentou Zelaya, que está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde 21 de setembro. Ele declarou fracassado o Acordo Tegucigalpa-San José depois que, na quinta-feira - data-limite para a formação do governo de unidade -, Micheletti anunciou um governo com ele na presidência, sem a participação de zelaystas. O governo de facto acusou ontem Zelaya de descrumprir o acordo, mas voltou a pedir a retomada do diálogo e a formação do governo de unidade.

DESISTÊNCIA

O candidato independente à presidência de Honduras, o esquerdista Carlos Reyes, anunciou ontem a retirada de sua candidatura ao considerar que participar da disputa equivaleria a "legitimar" o golpe contra Zelaya. Reyes, que aparecia como o terceiro na preferência do eleitorado, diz que as condições no país após o golpe não permitem eleições livres.

Mas o embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, disse ontem que rejeitar as eleições seria "um erro histórico". A declaração é mais um sinal de que a Casa Branca poderá reconhecer o próximo governo hondurenho mesmo que Zelaya não seja restituído. "Não se pode negar ao povo esse direito (de votar). Isso seria um erro histórico", afirmou.

ATAQUE

Desconhecidos dispararam no sábado à noite contra um comboio que levava o promotor-geral de Honduras, Luis Rubi, perto de Montagua, centro de Honduras. Rubi, que escapou ileso, analisa os 18 processos abertos contra Zelaya e deve dar sua opinião ao Congresso sobre se procede a restituição de Zelaya ao cargo.

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