sábado, 19 de dezembro de 2009

FHC vê porta aberta para chapa puro-sangue

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Um dia após o governador Aécio Neves (MG) desistir da corrida pelo Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que ele “não fechou a porta” para compor uma chapa com o governador José Serra (SP). Para FHC, há um “sentimento nacional” a favor da unidade.

Chapa puro-sangue do PSDB reflete ""sentimento nacional"", defende FHC

Para ex-presidente, Aécio não fala abertamente na hipótese, mas "não fechou a porta" para composição com Serra

Julia Duailibi

Um dia após o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), desistir da corrida pelo Palácio do Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o mineiro "não fechou a porta" para composição numa chapa puro-sangue liderada pelo governador de São Paulo, José Serra.

FHC afirmou, no entanto, que esse assunto ainda deverá ser debatido com Aécio.

"O governador Aécio nega (que venha a aceitar a vice), mas não fechou a porta. Eu preciso conversar com ele porque não quero criar uma situação que dificulte", afirmou o ex-presidente ao Estado. De acordo com o tucano, há um "sentimento nacional" a favor da unidade entre os governadores. "Hoje (ontem) independentemente de qualquer pessoa ter dito qualquer coisa a esse respeito, toda mídia fala disso. Acho que há um sentimento nacional nessa direção."

O anúncio de anteontem aumentou a pressão no partido para que Aécio aceite ser vice na chapa de Serra, apesar de o governador paulista não ter se declarado candidato. Aécio, no entanto, diz que agora se dedicará à disputa em Minas, na qual pretende eleger seu sucessor o vice-governador Antonio Anastasia.

Aliados afirmam que a decisão de Aécio passará pela eleição de 2014. De acordo com eles, se Serra perder a liderança nas pesquisas de intenção de voto, a tendência é que o governador de Minas busque o voo solo ao Senado, tendo como objetivo ser uma alternativa em 2014. "Aécio não aceitará um projeto com chance de derrota. Vai preferir a vitória no Senado", afirmou um aliado.

Há, entretanto, no PSDB quem aposte que o próprio Serra não será candidato a presidente e tentará a reeleição, caso o quadro do ano que vem não seja favorável à oposição. "Não acredito nisso. Claro que a pessoa só é candidata quando se declara candidata. Mas acho que Serra tem todas as condições de ser candidato, ser um bom presidente. Tem feito um governo excepcionalmente positivo, sem arrogância, sem bazófia", declarou Fernando Henrique.

Questionado se a chapa Serra-Aécio seria "imbatível", segundo avaliação de tucanos, FHC disse:
"Não sei se imbatível, mas o País não está mais acreditando em partidos. Chegamos a um ponto tal em que acreditamos em pessoas. Isso não implica não ter alianças com outros partidos, mas os dois são muito expressivos." Ontem Aécio não deu sinais sobre seu futuro político. "Apenas Deus sabe o que o destino nos reserva", afirmou em um evento em Minas. E insistiu que em três meses não será mais governador - ele pretende se desincompatibilizar para trabalhar na eleição estadual.

CARTA


FHC concordou com o teor da carta lida por Aécio anteontem e da nota publicada em seguida por Serra - ambas criticavam a divisão do País, o que para os tucanos é estimulado pelo PT. "Temos de pensar em um País onde existem ricos e pobres. Temos um problema brutal de concentração de renda. Isso não deve ser obscurecido, mas a maneira de resolver não é demagogicamente, jogando uns contra os outros, porque daí não sai nada a não ser demagogia", disse FHC.

Para o ex-presidente, Serra e Aécio "agiram bem" no desfecho. "Um não provocou o outro, um respeitou o outro. É da vida. Aécio demonstrou mais uma vez ter qualidades. Só nos fortaleceu."

Ao defender a candidatura Serra, FHC diz que "tem momentos que o País precisa mudar de cara". Sem citar Dilma, afirmou que uma coisa é ser "bom gerente". Outra, um líder. "Nem sempre as pessoas que são capazes de ser bons funcionários, ser bons ministros, têm liderança. Serra mostrou liderança." O ex-presidente não acha que o escândalo envolvendo o DEM no DF possa prejudicar o PSDB. "É uma coisa isolada. Agora inventaram que o Arruda seria vice. Nunca cogitaram ser vice. É puro jogo."

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