DEU EM O GLOBO
Líder deposto quer ser julgado e absolvido antes. Brasil oferece asilo político
Flávio Freire
SÃO PAULO. Diante da possibilidade de ser preso se deixar a embaixada brasileira em Honduras, o presidente deposto Manuel Zelaya disse ontem que pode ficar no prédio até depois do dia 27 de janeiro, quando assume o presidente eleito, Porfirio Lobo. A informação foi corroborada pelo Ministério do Exterior brasileiro. Para aumentar a indefinição, o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que Zelaya poderia se asilar no Brasil. No mesmo dia, o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, garantiu que Zelaya poderia chegar a seu país amanhã.
Diante da resistência do governo interino em conceder um salvo-conduto para que possa deixar o país, Zelaya avalia que o melhor é trabalhar pela formação de uma corte da OEA para se livrar da ordem de captura emitida pela Justiça local.
— O governo brasileiro sabe que até dia 27 de janeiro estarei lutando para recuperar meu mandato. A possibilidade de permanecer na embaixada (depois da posse de Lobo) depende do tribunal internacional — disse ele, que chegou a fazer brincadeira com a receptividade brasileira a uma rádio local. — Tenho aqui o meu violão, posso ficar mais dez anos Lula e presidente peruano criticam governo interino A decisão do governo interino de não emitir um salvo-conduto, quando um avião do governo mexicano já estava no ar indo para Tegucigalpa receber Zelaya, foi criticada ontem num comunicado conjunto dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan García, do Peru, que condenaram “de forma enfática a inaceitável negativa” de dar livre saída a Zelaya.
O único diplomata da embaixada, Francisco Catunda, disse que não há pressão do Itamaraty para Zelaya deixar o prédio.
Alegou que a informação de que o Brasil teria dado um ultimato a ele foi uma má interpretação.
Numa entrevista, ele havia dito que Zelaya tinha a consciência de que teria de procurar outro destino após 27 de janeiro.
Já Garcia afirmou que o Brasil pode ser o destino de Zelaya: — O governo Michelleti parece demasiado intransigente para um governo ilegítimo. Mas se Michelleti não permitir que Zelaya fique em Honduras, o Brasil não terá problema em dar asilo político. Se pedir, daremos
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
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