segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quércia vence e fortalece ala serrista do PMDB

DEU EM O GLOBO

Temer diz que decisão sobre aliança fica para junho e reclama da ideia de lista tríplice para vice: "Não foi uma fala feliz"

Sérgio Roxo

SÃO PAULO. O ex-governador Orestes Quércia foi reeleito para a presidência do PMDB no Estado de São Paulo — resultado que indica que a ala paulista do partido deve apoiar a candidatura de José Serra (PSDB) para a Presidência da República em 2010, mesmo que a direção nacional decida pela aliança com a ministra Dilma Rousseff (PT).

— Pretendemos ter candidato próprio a presidente. Se não for possível, seguiremos essa composição ( Como PSDB) que foi iniciada no ano passado com a eleição municipal (para prefeito de São Paulo) — afirmou Quércia.

O ex-governador derrotou o deputado federal Francisco Rossi por 597 a 73 na convenção de ontem, entre os representantes dos diretórios regionais do partido.

De acordo com o deputado federal Michel Temer, presidente nacional do PMDB e presidente da Câmara, a decisão sobre a posição do partido na eleição presidencial será tomada no mês de junho, durante convenção. Apontado como principal nome para ser o vice de Dilma, Temer, que faz parte da chapa de Quércia na convenção paulista do partido, afirmou, em discurso: — Temos três alas do nosso partido: uma que almeja apoio à candidata do governo (Dilma), outra que almeja um eventual apoio ao candidato da oposição (Serra), e outra, mais forte, mais significativa, mais expressiva, que patrioticamente quer a candidatura própria. Levarei essas ideias para a convenção nacional em junho.

Ele admite as negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas quer que o partido tenha maior espaço na aliança: — Temos um pré-compromisso com o PT e este pré-compromisso está sendo trabalhado enormemente, numa condição que é exatamente de não permitir que o PMDB seja uma figura periférica. Queremos ter participação na chapa, na formulação do plano de governo e no plano de campanha.

Temer criticou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a forma como deve ser feita a definição do vice da ministra Dilma Rousseff (PT) na eleição do próximo ano. Na quinta-feira, em visita ao Maranhão, Lula defendeu que o PMDB indique três nomes para que Dilma escolha o seu companheiro de chapa na disputa de 2010.

“Jamais iríamos dizer o que o PT deve fazer ou não” — Não foi uma fala feliz. Jamais iríamos dizer o que o PT deve fazer ou não fazer. O PMDB que tem que decidir. Não me manifestei porque todo mundo diz que eu posso ser candidato a vice (na chapa de Dilma). Jamais falei. Aliás, o presidente Lula um dia me disse que eu deveria ser o vice. Eu respondi claramente: “presidente, vamos fechar a aliança e verificar qual o nome que melhor soma para a candidata”. Tenho responsabilidade e competência para dizer uma coisa dessa. Digo que sempre sou candidato a deputado federal. Não é preciso fazer uma sugestão ao PMDB dessa natureza, com todo o respeito que tenho pela sua fala e pelas suas posições — afirmou Temer.

Pelo acordo selado no ano passado com os tucanos, o PMDB indicou Alda Marco Antonio para vice na chapa vitoriosade Gilberto Kassab (DEM) para a prefeitura da capital paulista. O compromisso previa ainda que, na eleição de 2010, Quércia disputaria uma vaga no Senado e apoiaria um tucano a governador.

— Existe uma hipótese de composição com o Serra e com o PSDB para eu ser candidato a senador. Agora, se tivermos candidato a presidente, não será dessa forma. Todas as vezes em que eu defini a composição com os tucanos aqui em São Paulo, sempre ressalvei que, se houver candidatura própria, eu fico com o candidato do partido — disse o ex-governador.

Também presente à convenção, o governador do Paraná, Roberto Requião, que já se lançou candidato do PMDB a presidente da República, foi irônico ao comentar a declaração do presidente Lula: — Lançando a candidatura própria, o PMDB pode inverter a proposta que o PT fez aos nossos companheiros da direção nacional. O Lula nos propõe fazer uma lista tríplice para que a candidata escolha um vice. Proponho ao PT que faça uma lista sêxtupla, desde que não tenha nenhum nome vinculado ao capital financeiro, para que, dos seis nomes apresentados, possamos escolher o vice-presidente da República na chapa do PMDB.

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