sábado, 26 de dezembro de 2009

Reflexão do dia - Norberto Bobbio

“Já que, distante cem anos de sua morte, ninguém, marxista ou não marxista que seja, duvida que Marx deva ser considerado um clássico na história do pensamento em geral e também na história do pensamento político, eu me propus a confrontar a teoria política de Marx com algumas daquelas teorias cujos autores são unanimemente denominados os “clássicos” do pensamento político, de Platão a Hegel, indicando, através de um procedimento de comparação por afinidades e diferenças, qual possa ser o lugar ocupado pela teoria do Estado de Marx na história do pensamento político. Em outra ocasião, a propósito de Max Weber, ocorreu-me dizer que, para garantir um lugar entre os clássicos, um pensador deve obter reconhecimento nestas três eminentes qualidades: deve ser considerado como um tal intérprete da época em que viveu que não se possa prescindir de sua obra para conhecer o “espírito do tempo”: deve ser sempre atual, no sentido de que cada geração sinta necessidade de relê-lo e, relendo-o, de dedicar-lhe um nova interpretação: deve ter elaborado categorias gerais de compreensão histórica das quais não se possa prescindir para interpretar uma realidade mesmo distinta daquela a partir da qual derivou essas categorias e à qual aplicou.”


(Noberto Bobbio, em “Teoria Geral da Política - A filosofia política e as lições dos clássicos”, pág. 114 – Editora Campus, Rio de Janeiro, 2000)

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