segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Aécio não receberá Lula e Dilma em Minas

DEU EM O GLOBO

Petistas farão maratona de inaugurações no estado, e tucano prefere reforçar apoio a Serra, para evitar especulações

Fábio Fabrini, Isabel Braga e Cristiane Jungblut

BELO HORIZONTE e BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, desembarcam amanhã em Minas para mais uma rodada de inaugurações.

Desta vez, não serão recepcionados pelo governador Aécio Neves (PSDB). Diferentemente de visitas anteriores, o tucano não pretende subir no palanque governista — decisão que, segundo fonte ligada a ele, foi comunicada ao presidente por telefone, na quinta-feira. Tratase de um gesto para não melindrar o governador paulista, José Serra (PSDB), que já assume a candidatura ao Planalto.

— Participar dessa agenda, agora, provocaria especulações — disse um dirigente tucano, referindose ao acirramento da disputa pré-eleitoral e ao clima no partido depois de Aécio renunciar ao projeto presidencial.

Desde que anunciou sua desistência, o governador mineiro tem sido alvo de questionamentos sobre seu real interesse em se engajar na candidatura de Serra, que precisa de bom desempenho junto ao eleitorado mineiro para se eleger. A presença nos eventos poderia alimentar versões e desagradar o tucanato, que classifica as viagens presidenciais de campanha próDilma. Fonte próxima ao Palácio da Liberdade diz que Aécio optou por não se envolver.

Amanhã de manhã, Lula e Dilma inauguram uma barragem para irrigação no Rio Setúbal, em Jenipapo de Minas, e uma escola técnica em Araçuaí, ambas no Norte mineiro. Em seguida, entregam a primeira etapa de uma termelétrica e uma unidade de pronto atendimento (UPA) em Juiz de Fora.

Hoje, Aécio almoça no Rio com o presidente do DEM, Rodrigo Maia, e discute alianças no país e nos estados. Publicamente, o governador cultiva uma relação cordial com o presidente e, em visitas anteriores a Minas, esteve no palanque do governo.

Em outubro, desmarcou encontro e cumpriu em Pirapora agenda paralela à do presidente, que vistoriava obras na vizinha Buritizeiro.

Mas despediu-se dele no aeroporto, posando para fotos abraçado a Dilma e ao deputado Ciro Gomes, pré-candidato do PSB. Dias depois, esteve no lançamento do PAC das Cidades Históricas, em Ouro Preto. Em discurso, elogiou as parcerias.

Azeredo critica estratégia da ministra em Minas Nesta primeira maratona, até reinauguração de obra está na agenda de Dilma e Lula. Os dois também irão reinaugurar a usina termoelétrica de Juiz de Fora, convertida para operar com etanol.

Os petistas cobram que a ministra explore mais suas raízes mineiras. Dilma nasceu em Belo Horizonte e, quando deixou o estado, já era casada e universitária da UFMG.

— Dilma é muito comedida na tarefa de mostrar suas raízes mineiras.

Saiu de Minas casada, fez vestibular na UFMG, o pai dela e a irmã estão enterrados em Minas, a mãe mora em Minas. Ela tem que dizer que foi aluna no colégio estadual de Minas, que foi nadadora e medalhista no Minas Tênis Clube. Aqui ela é Dilminha, porque Dilma é a mãe dela — disse o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). — Não é inventar, é legítimo fazer isso. Mas a ministra é muito retrancada, tem esse constrangimento.

Para os tucanos, a estratégia dificilmente surtirá efeito.

— Acho que não vai adiantar nada essa estratégia. Para ter característica de mineiro, não basta nascer no estado, tem que ter alma mineira. Acredito que este não seja o caso da ministra — criticou o senador e ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB).

Aécio ainda pode optar por receber o presidente no aeroporto de Juiz de Fora, cidade cujo prefeito é o tucano Custódio Mattos. Mas não acompanhará a comitiva presidencial nas inaugurações.

A avaliação dos tucanos é a de que ele se engajou na campanha de José Serra, inclusive para garantir sua sobrevivência em Minas, onde terá que lutar pela manutenção de sua base política. A cúpula tucana acredita que as desavenças entre Aécio e Serra foram superadas e que o mineiro será forçado, pela conjuntura política, a lutar pela vitória em Minas e na eleição presidencial.

Também não participará das inaugurações o ex-prefeito e précandidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel. O petista alegou que já havia marcado de conversar com o vice-presidente da República, José Alencar, em Brasília, amanhã.

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