sábado, 16 de janeiro de 2010

Ela ''se esconde'' atrás de Lula, rebate oposição

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Para tucanos, candidata se interessa pelo passado porque o PT não tem proposta para o futuro

Wilson Tosta e Silvia Amorim

Lideranças do PSDB na Câmara e no Senado reagiram ontem às declarações da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que a oposição não quer comparar os governos de Lula e Fernando Henrique Cardoso na eleição deste ano porque fica incomodada com avanços protagonizados pela gestão petista no País. Os tucanos acusaram a pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto de insistir na tese de uma campanha plebiscitária por não ter proposta para os próximos anos e "se esconder atrás do governo Lula".

"Interessa a eles o passado porque o PT e o Lula não têm segurança do que a Dilma é capaz de fazer no futuro", respondeu a senadora Marisa Serrano (MS). Em uma indireta a Dilma, ela disse que quem tem de decidir o que deve ser debatido na eleição é a população. "A quem interessa comparar? Essa pergunta tem de ser feita ao povo brasileiro. Eles querem discutir o passado ou o futuro?"

O líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA), endossou o discurso da senadora. "Lula e Dilma querem se apresentar como exterminadores do futuro. Não pensam e não pensaram sobre propostas para o futuro."

Marisa disse que, em entrevista publicada anteontem pelo Estado, o governador de São Paulo, José Serra, principal nome do PSDB para a disputa presidencial, mostrou que "não vai cair nas provocações" dos adversários. O tucano disse que "candidato a presidente não é chefe da oposição" e que não vai "ficar tomando conta do governo Lula", cabendo ao partido fazer as críticas.

Para o presidente estadual do PSDB em São Paulo, Mendes Thame, Serra manda um recado para aqueles que tentam levá-lo a um debate eleitoral antecipado. "Ele foi claro. Não vai precipitar a campanha", disse.

ALIADO

O ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), também elogiou a estratégia traçada por Serra para a campanha. Para ele, uma campanha do tipo "nós contra eles", como propõe o PT, pode, na reta final, ser benéfica tanto para Dilma como para Serra. Ele não concorda, porém, que Serra, recusando o discurso oposicionista, queira evitar ser visto como anti-Lula. "Ninguém é "anti" nada. Campanha se faz a favor de um projeto. Desde que esse projeto seja contraditório com o do governo, se faz a crítica."

Maia apontou o que considera flancos do governo vulneráveis aos ataques da oposição. "Para mim o governo, o PT e sua candidata ocultam um chavismo que cada vez mais põe seu rabo de fora. Os decretos contra a Lei de Anistia e dos direitos humanos, disfarçando o atropelamento da Constituição, são exemplos", criticou.

Ele concorda com Serra quando diz que é papel dos partidos, e não de candidatos, fazer oposição. "PSDB e DEM fazerem oposição é natural. Campanha é outra coisa."

O ex-prefeito, que já atacou publicamente a tese de Serra de não antecipar o anúncio de uma candidatura, disse que este é um assunto "superado" e que, com a saída do governador Aécio Neves do páreo, não há pressa para oficializações.

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