quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Inauguração vira comício para Dilma

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

A ministra Dilma Rousseff, candidata à sucessão presidencial, deu tom de comício ontem à inauguração de uma barragem no Vale do Jequitinhonha (MG). Diante de 3 mil pessoas e ao lado do presidente Lula, Dilma também ressaltou ser mineira e ter estudado em Belo Horizonte.

Em discurso, ministra afirma que oposição planeja acabar com o PAC

Fausto Macedo, enviado especial Jenipapo de Minas e Eduardo Kattah, enviado especial em Araçuaí

Na primeira agenda do ano eleitoral em território mineiro e sob administração do PSDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou sua candidata à sucessão presidencial, ministra Dilma Rousseff, para uma inauguração transformada em comício em Jenipapo de Minas, no Vale do Jequitinhonha, região castigada pela miséria e exclusão. Diante de 3 mil pessoas, Dilma prometeu imediata liberação de verbas para asfaltar trechos da BR 367, rodovia que corta Minas e vai até a Bahia. Ovacionada, teve o nome gritado em coro.

Na festa, para inauguração da barragem do Rio Setúbal, a ministra da Casa Civil relançou o discurso do medo, acusando a oposição de planejar o fim no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Aliás o próprio presidente do partido de oposição disse que acabaria com o PAC porque o PAC não existe e ele acabaria com essa história do PAC", disse a ministra, referindo-se à entrevista do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), para a revista Veja desta semana. "É muito grave. Porque nós estamos aqui justamente inaugurando uma obra concreta e real que todos vocês sabem que existe e que está aqui ao lado."

Embalada, continuou a "satanizar" os rivais. "Vira e mexe querem acabar com algum programa do governo Lula. Em 2006, foi a época em que eles queriam acabar com o Bolsa-Família. Agora o objetivo é acabar com obras como esta que estamos inaugurando."

AFAGOS PARA AÉCIO

Apesar de centrar fogo no campo do adversário José Serra, ela dirigiu afagos ao governador de Minas, Aécio Neves - que evitou a agenda alegando compromisso "em outro lugar", segundo Lula. "Os prefeitos aqui de Minas e o governador Aécio Neves têm sido parceiros exemplares e republicanos do governo federal", disse Dilma. "A barragem é uma obra do PAC com parceria produtiva e muito bem-sucedida com o governo de Minas."

Em seguida, a candidata do PT emendou: "Aqui temos prefeitos e prefeitas que sabem que o PAC é uma obra concreta. Aí eu queria aproveitar e dar uma notícia para vocês. Há pouco o presidente determinou. Nós ligamos para o DNIT e o presidente decidiu que vamos agora prometer mais uma obra. Que nós iremos cumprir, o asfaltamento dos dois trechos da BR 367. Será novamente uma obra do PAC. O PAC é isso. Nós cumprimos o que prometemos."

MINEIRICE

A ministra também aproveitou o palanque para reforçar seus vínculos com Minas. "Eu não vou concordar que haja uma discussão para saber se eu sou mineira ou não sou. Eu não tenho a menor dúvida de que eu sou mineira. Em que pese eu ter saído de Minas, passado uma parte da minha vida no Rio Grande do Sul, eu quero dizer a vocês: a gente pode sair do Estado onde nasce, mas ele não sai da nossa alma e do nosso coração."

Depois do discurso de Dilma, foi a vez do presidente Lula assumir o microfone e anunciar a estratégia para o ano eleitoral, que inclui uma maratona de viagens a Minas, sob o domínio tucano.

"Eu disse para o Geddel (Vieira de Lima, ministro da Integração) que nestes primeiros três meses de 2010 vamos precisar visitar muito Minas. Vamos precisar pegar todas as obras que têm aqui, e são muitas, para que a gente possa inaugurar tudo porque a partir de abril o Geddel já não estará mais no governo, a Dilma já não estará mais no governo. E quem for candidato não pode nem subir no palanque comigo. Então, é importante que a gente inaugure o máximo de obras possível para que a gente possa mostrar quem foram as pessoas que ajudaram a fazer as coisas neste país."

Mais tarde, ainda no Vale do Jequitinhonha, Lula levou Dilma para a inauguração de uma escola técnica na cidade de Araçuaí. E voltou a cutucar a os adversários, afirmando ter certeza da vitória petista na disputa presidencial.

"Sabem que eu não posso discutir eleição. A única coisa que eu tenho certeza é de que nós vamos fazer a sucessão presidencial. Que me desculpem os adversários, mas nós vamos ganhar para poder terem continuidade essas coisas." Antes, Dilma já havia reiterado a tese de que o PSDB planejaria o fim do PAC.

Ao lado do presidente, Dilma ainda participou da inauguração da nova fase da Usina Termelétrica de Juiz de Fora, a primeira do mundo a operar com etanol, além do gás natural.

Colaborou Kelly Lima

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