quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

No DF, Cristovam é plano B de Serra após mensalão do DEM

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Tucano aposta no PDT para montar palanque alternativo na capital federal

Christiane Samarco

BRASÍLIA - Com o governador José Roberto Arruda (sem partido) fora da disputa pelo governo do Distrito Federal - por causa do mensalão do DEM -, o PSDB do governador paulista e presidenciável José Serra faz planos para montar um palanque alternativo em Brasília. A ideia é fazer parceria entre os tucanos e o PDT do DF, com o senador Cristovam Buarque encabeçando uma chapa para disputar o governo local. Serra deve procurar Cristovam nos próximos dias, com o objetivo de sondá-lo sobre a candidatura ao Palácio do Buriti, sede do governo de Brasília.

Os dois se entendem bem desde 1994, quando Serra, então senador, subiu no palanque de Cristovam, na disputa pelo governo do DF contra o candidato do PMDB, Joaquim Roriz. O apoio do PSDB no segundo turno da corrida eleitoral, após a derrota de sua candidata Maria de Lurdes Abadia, foi decisivo para a vitória de Cristovam, que à época era filiado ao PT. Ainda hoje, o senador pedetista é grato pelo apoio do tucanato que, àquela altura, acabara de derrotar Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial.

A gratidão pelo apoio pretérito, porém, não é sinônimo de parceria futura. Não em se tratando do governo do Distrito Federal. "Não é isso que eu quero", afirma Cristovam. O projeto pessoal pelo qual o pedetista trabalha é a reeleição para o Senado. Mas o pedetista não fecha a porta para Serra trabalhar a montagem de palanque.

"Reconheço que, se o Roriz for candidato, vai ser muito difícil eu dizer não à população", diz o senador. "Onde vou, cobram minha candidatura e me dizem que eu não posso deixar o governo do DF na mão da mesma turma", afirma Cristovam, referindo-se à velha parceria entre Arruda e seu padrinho político Joaquim Roriz.

Não por acaso, Arruda mantinha antigos funcionários de Roriz no governo, entre os quais o autor das denúncias do mensalão do DEM, Durval Barbosa. Inquérito da Polícia Federal que apura o escândalo dá conta de que o esquema de arrecadação de propinas com empresas contratadas pelo governo do DF teve origem não na administração Arruda, mas no governo anterior de Roriz.

PT COM PMDB

Cristovam diz ter "ótima conversa com Serra" e que a relação do PDT paulista com o governador também é muito boa. "O Paulinho sempre foi próximo de Serra", afirma o senador, em referência ao deputado Paulo Pereira da Silva, dirigente pedetista e presidente da Força Sindical. Lembra, porém, que se o assunto é sucessão de 2010, Serra terá de procurar o PDT de São Paulo para conversar.

Ele também tem esperança de que Roriz desista da candidatura, livrando-o da pressão para disputar o governo. Embora o ex-governador tenha trocado o PMDB pelo PSC com objetivo de garantir legenda para disputar a corrida ao Buriti e esteja em campanha há três meses, Cristovam afirma que ele sempre destacou que sua maior motivação para entrar na briga local pela quinta vez era Arruda.

Na solenidade de filiação ao PSC, o próprio Roriz destacou que estava "quieto" em seu "canto", quando Arruda começou a criticar seu governo, para em seguida dizer que seu único temor era o de que o governador desistisse da briga. Como Arruda desistiu, Cristovam agora torce para que Roriz faça o mesmo. Seja qual for o cenário, também lhe causam incômodo as cobranças por dividir a "esquerda", na hipótese de se lançar contra o candidato do PT, Agnelo Queiroz.

Aliado ao PSB do deputado Rodrigo Rollemberg (DF), Agnelo mudou-se do PC do B para o PT exatamente para tentar encurtar o caminho até o Palácio do Buriti. A despeito da má vontade do presidente Lula, que não quer facilitar a vida de um crítico do governo no Senado, Agnelo e Rollemberg trabalham pela parceria com Cristovam, abrindo-lhe uma das duas vagas para senador. A segunda ficaria com o deputado petista Geraldo Magela. Isso, depois de ampliar a aliança atraindo o PMDB que já abandonou Arruda. Com a bênção de Lula, o PT de Brasília quer entregar a vaga de vice de Agnelo ao presidente do PMDB do DF, deputado Tadeu Filippelli.

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