sábado, 30 de janeiro de 2010

O legado do Fórum Social - Editorial

DEU NO ZERO HORA (RS)

Desde a primeira edição, em 2001, o Fórum Social Mundial teve vários formatos, que apresentarão mais uma inovação durante este ano, com a realização de encontros temáticos em vários países. O evento que marcou o 10º encontro, encerrado ontem, teve a marca da pulverização de atividades na região metropolitana de Porto Alegre. Os organizadores decidiram, nos últimos anos, reformular a estrutura de funcionamento do FSM, mas deve-se destacar que o encontro manteve o espírito motivador do Fórum inaugural, de propiciar debate, reflexão, integração de vários setores da sociedade e também a discordância.

Essas são as principais virtudes de um evento que surgiu com a marca de Porto Alegre e contribuiu, no início desse século, para a discussão de grandes temas, de interesse nacional e mundial, além da divulgação do Rio Grande do Sul. A ausência de deliberações e mesmo de um documento com as conclusões de centenas de debates e atividades, ao final do evento, o que em outras edições chegou a provocar controvérsias entre os próprios participantes, é vista hoje com naturalidade. Argumentam os organizadores que, mais do que apresentar um relatório formal com o que foi discutido, o que importa é a natural disseminação das ideias que circularam entre mais de 35 mil pessoas de vários países durante uma semana.

Ficam diluídas também, nessa 10ª edição, questões menos relevantes provocadas pela própria identificação do Fórum como um evento das esquerdas. Independentemente do viés político ou ideológico dos participantes, o que é da natureza de qualquer encontro em que pontos de vista sejam publicamente expostos, o que fica do FSM é a sua capacidade de mobilizar, de atrair pensadores de toda parte do mundo e estimular principalmente os jovens a refletir sobre educação, economia, política, ambiente e tantos outros temas. O Fórum reafirmou-se assim como uma iniciativa que contribui para a pluralidade de opiniões e que por isso mesmo pode acionar compreensíveis reações, desde que submetidas às regras da convivência democrática com discordâncias e diferenças.

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