sábado, 30 de janeiro de 2010

Visita de Lula : Oposição indignada com a campanha para Dilma

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Raul Henry e Mendonça Filho acusam o presidente de, “sem o menor constrangimento”, aproveitar um evento público para enaltecer a imagem da ministra, que é pré-candidata do PT à Presidência

Os líderes dos partidos de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiram com indignação ao fato de o petista aproveitar, sem o menor constrangimento, um evento público – a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paulista, na quarta-feira (27) – para enaltecer as imagens da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PSB), pré-candidata a presidente da República, e do governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), que deve tentar à reeleição.

“É um absurdo o que está acontecendo. É campanha aberta e fica por isso mesmo. A Justiça Eleitoral não enfrenta porque é o presidente”, afirmou o deputado federal Raul Henry (PMDB), ligado ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), o principal alvo das críticas feitas por Lula no Recife.

O presidente estadual do Democratas (DEM), o ex-governador Mendonça Filho, também criticou a Justiça Eleitoral por permitir a antecipação da campanha política, que começa, oficialmente, em julho. “Se isso não é campanha, o que é?”, indagou, referindo-se aos registros feitos pela imprensa dos discursos de Lula. “O fato do presidente fazer campanha já foi incorporado à paisagem política, o que é problemático é a subjetividade da interpretação da Justiça Eleitoral”, argumentou.

Tanto Raul como Mendonça lembraram que as penalidades são aplicadas pela Justiça quando as ações são impetradas contra prefeitos e vereadores e o mesmo, contudo, não ocorre quando as denúncias envolvem o presidente. A oposição já entrou com ações contra Lula junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em função de outros episódios, mas não obteve sucesso.

Incomodado com a situação, Mendonça Filho chegou a comparar o petista ao Rei Luiz XIV da França, conhecido como o Rei Sol, um dos símbolos da monarquia absolutista que reinou entre 1643 e 1715. “É uma volta a um passado distante. Ele (Lula) se julga acima da lei”, lamentou.

O procurador regional eleitoral substituto, Antonio Edílio, decidiu ontem requisitar às emissoras de rádio e televisão, que acompanharam a visita de Lula, todas as reportagens gravadas. Ele esclareceu que o Ministério Público, a partir da análise desse material, pode verificar se o presidente desobedeceu a legislação eleitoral. Só assim pode entrar com alguma ação. Como a sua interinidade acaba na segunda-feira (1º), quem vai fazer esse trabalho é o procurador regional titular, Sady Torres Filho. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, Roberto Ferreira Lins, esclareceu que o TRE só se posiciona quando é provocado pelo Ministério Público ou por um partido político.

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