quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Jarbas rejeita convenção do PMDB

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Opositor da ala governista da sigla, senador não concorda com a antecipação da reunião, que seria em março, e põe em dúvida o futuro da aliança com Dilma

Como membro do grupo histórico do PMDB e eterno opositor da ala governista do partido que quer reeleger o presidente nacional, o deputado federal Michel Temer (SP), para se manter na base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Jarbas Vasconcelos anunciou ontem que não vai comparecer à convenção nacional da agremiação, marcada para sábado (06), em Brasília. O ex-governador de Pernambuco discorda do alinhamento da sigla com o Palácio do Planalto e rechaça a possibilidade de Temer ou de outro peemedebista ocupar a vaga de vice-presidente na provável chapa encabeçada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Jarbas prefere apoiar a pré-candidatura do PSDB, projeto que está sendo reservado ao governador de São Paulo, José Serra.

“É um açodamento da cúpula do partido que quer ficar bem com o Palácio do Planalto. Poderíamos fazer (a convenção), mas com cautela”, opinou o ex-governador, à Agência O Globo, referindo-se à antecipação da reunião de março para o próximo sábado. Jarbas foi mais além e afirmou que a posição do PMDB governista é equivocada. “Uma coisa é fazer aliança com o presidente Lula, outra é fazer com a candidata Dilma Rousseff. Não sei até que ponto essa aliança vai caminhar bem”, frisou. O senador conversou com a imprensa, na manhã de ontem, após participar de uma reunião da Comissão de Justiça, em Brasília. Depois, preferiu silenciar para não provocar mais polêmicas.

A cúpula do PMDB em Pernambuco anuncia hoje se boicota ou não a convenção nacional do partido, seguindo a mesma posição de Jarbas. Os pernambucanos também não concordam com a recondução de Temer, já que ele é o único candidato. E nem com os projetos defendidos pelo parlamentar.

Os delegados do Estado preferiram aguardar o desfecho de uma negociação que está sendo coordenada pelo diretório de São Paulo, mais precisamente pelo ex-governador paulista Orestes Quércia, que pode resultar em uma ação judicial para suspender a convenção. Isso porque foi só no final do mês passado que os filiados souberam da antecipação. Essa manobra teria a intenção de dificultar o entendimento entre os que fazem oposição a Temer. Esse grupo sabe, contudo, que é difícil derrotar o grupo rival, uma vez que a maioria integra a ala governista.

APOIO

Os delegados de Pernambuco e São Paulo não estão sozinhos. Também participam desse movimento de oposição os representantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Acre. Dentro dele, no entanto, não há uma posição unificada em relação à eleição presidencial. Uma parte argumenta que o melhor caminho para a legenda é lançar candidato próprio. Outra que a opção mais adequada é apoiar José Serra.

Se o Estado decidir mandar os seus delegados, 24 pessoas têm direito a voto. Jarbas, se comparecesse, votaria quatro vezes (como delegado, ex-presidente nacional, ex-governador e senador). O deputado federal Raul Henry pode votar três vezes (como delegado, deputado federal e membro do diretório nacional). O deputado federal Edgar Moury Fernandes e o presidente estadual da agremiação, Dorany Sampaio, votam duas vezes (como delegados e membros do diretório nacional). Apesar de discordar dos encaminhamentos dados por Temer, o diretório de Pernambuco quer manter o espaço que conquistou no diretório nacional: quatro cadeiras.

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