quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mercado já projeta inflação a 4,80% este ano, com alta de juros em março

DEU EM O GLOBO

Focus eleva estimativa para PIB a 5,47% em 2010. Bolsa de SP avança 2,17%

Patrícia Duarte e Bruno Villas Bôas*

BRASÍLIA, RIO e NOVA YORK. As expectativas do mercado sobre a inflação neste ano estão cada vez piores, aumentando as chances de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa básica de juros já na próxima reunião, em março. Segundo pesquisa Focus do Banco Central (BC) divulgada ontem, os economistas agora calculam que o IPCA fechará este ano a 4,80% — contra 4,78% anteriormente —, cada vez mais distante do centro da meta para o período, de 4,50%.

Até as projeções para os preços administrados pioraram, depois de ficarem estáveis por 26 semanas. Agora, o mercado projeta essa inflação em 3,55%, 0,05 ponto percentual a mais que anteriormente.

Os IGPs também foram elevados, superando 5%. A projeção para o IGP-M, por exemplo, passou de 4,84% para 5,26% em 2010. As pressões nos preços continuam vindo dos alimentos e, agora, o dólar pode começar a pesar. Para o mercado, a moeda americana deve fechar a R$ 1,80 este ano e a R$ 1,85 em 2011.

Por enquanto, os especialistas continuam apostando que a Selic — hoje em 8,75% ao ano, estável desde julho — encerrará 2010 a 11,25%, sendo que o BC voltaria a subi-la em abril. Mas existem apostas de que esse movimento começará em março, na próxima reunião do Copom. Além dos alimentos e do câmbio, o forte ritmo da atividade econômica influencia as expectativas de inflação, com a demanda crescendo mais que a oferta.

Segundo o Focus, o mercado calcula que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) este ano será de 5,47% — até então, eram 5,35% — e, em 2011, 4,50%. A estimativa para a produção industrial é de expansão de 8,55% neste ano e de 4,85% em 2011.

No campo externo, as projeções também pioraram. Para o déficit em transações correntes, passou de US$ 48 bilhões para US$ 50,05 bilhões, atingindo US$ 57,81 bilhões em 2011. Para investimentos estrangeiros diretos, as estimativas permaneceram em US$ 38 bilhões para 2010 e em US$ 40 bilhões para o ano que vem.

Dólar recua 1,67%, cotado a R$ 1,828 Na volta do feriado de carnaval, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve um dia de ajuste com os mercados externos. O Índice Bovespa (Ibovespa) fechou em alta de 2,17%, aos 67.284 pontos. O dólar comercial perdeu força e recuou 1,67%, a R$ 1,828.

Com o pregão aberto às 13h, o mercado corrigiu sua defasagem com as bolsas da Europa e dos EUA, que subiram na véspera puxadas pelo lucro do banco inglês Barclays. Dados divulgados ontem nos EUA também animaram os investidores.

A construção de imóveis subiu 2,8% em janeiro, para o maior patamar em seis meses. E a produção industrial avançou 0,9%, a sétima alta consecutiva.

Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,39%, e o Nasdaq, de 0,55%.

— Tiraram um bode da sala, que era a Grécia. Existe preocupação com outros países da Europa, mas notícias positivas estão prevalecendo nesses dias — disse Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.

A ação Petrobras PN (preferencial, sem direito a voto) teve alta de 1,33%, cotada a R$ 34,25. Já a Vale PN fechou com ganho de 3,63%, a R$ 44,29. Outros destaques foram AmBev PN (5,84%), MMX Mineração (5,36%) e Natura (5%). Já as maiores quedas foram Redecard ON (1,23%), Brasil Telecom PN (1,14%) e Telemar PN (1,1%).

(*) Com agências internacionais

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