quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

PT reage às exigências de Cabral a Dilma

DEU EM O GLOBO

O Palácio do Planalto e os petistas não gostaram das declarações do governador Sérgio Cabral cobrando fidelidade da ministra Dilma Rousseff e exigindo que ela não suba ao palanque do ex-governador Anthony Garotinho. “Sérgio Cabral precisa tomar cuidado com a língua. Dilma não recusará o apoio de ninguém”, reagiu o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

"Cuidado com a língua, Cabral"

Cobrança do governador por exclusividade de Dilma desagrada ao Planalto; Vaccarezza reage

Gerson Camarotti, Chico Otavio e Flávio Tabak

As declarações do governador Sérgio Cabral (PMDB) cobrando fidelidade da ministra Dilma Rousseff (PT) e advertindo que, no Rio, ela não poderá subir no palanque do ex-governador Anthony Garotinho (PR) desagradaram ao Palácio do Planalto, ao comando do PT e aos coordenadores da campanha de Dilma. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), criticou duramente a postura de Cabral. Ele chegou a lembrar que foi essa postura radical do governador que inviabilizou um acordo na Câmara para a votação do projeto que cria o marco regulatório do pré-sal e modifica a divisão de royalties.

- O Sérgio Cabral precisa tomar cuidado com a língua. A postura dele já atrapalhou o acordo do pré-sal. A Dilma não recusará apoio de ninguém - advertiu Vaccarezza.

Ele lembrou que, em vários estados, haverá palanques duplos. Citou a Bahia, onde o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB, sairá candidato contra o governador Jaques Wagner (PT), que disputa a reeleição.

- Na Bahia, vamos ter dois palanques, inclusive um de oposição local, que é o Geddel, do PMDB. A regra tem que valer para todo o Brasil. Não pode haver uma regra especial só para o Rio. O PR apoiou Lula em 2002 e em 2006. Portanto, se Garotinho apoiar a Dilma, vamos ter dois palanques no Rio - avisou Vaccarezza.

Na véspera, ao chegar ao Sambódromo para o desfiles do Grupo Especial, Cabral reclamou que, no Rio, "a equação não fecha".

- Acho o seguinte: quando há dois palanques, pode ser um problema. Como é que ela (Dilma) vai no mesmo dia para um palanque de situação e para um de oposição? Vai acabar perdendo o voto até da minha mulher - disse o governador, na Marquês de Sapucaí.

Frase é vista como inabilidade política

Auxiliares do presidente Lula temem que esse comportamento de Cabral possa implodir as articulações para que haja um palanque único no estado, com um acordo para a retirada da candidatura de Garotinho. A frase de Cabral foi vista como um gesto de inabilidade política que pode prejudicá-lo na sucessão estadual. Integrantes do governo lembraram ontem que o próprio Lula já sinalizou que Cabral é seu aliado preferencial no Rio. Para isso, pressionou para que o PT fluminense fechasse um acordo em torno da reeleição do governador.

Um articulador da campanha de Dilma também reagiu à cobrança de Cabral. Para ele, antes de exigir exclusividade, o governador deveria se preocupar em melhorar seu desempenho nas pesquisas eleitorais, já que teve, durante quatro anos, todo o apoio do Planalto. Ele acha difícil que Garotinho retire a candidatura. Nas pesquisas, Cabral varia entre 36% e 39%; e Garotinho, de 23% a 24%. A assessoria do governador informou ontem que ele não vai se pronunciar sobre a declaração do deputado Cândido Vaccarezza.

Setores do PMDB do Rio também estão insatisfeitos com Cabral. Um peemedebista lembrou que a ida de Garotinho para o PR foi articulada por Dilma e pelo ministro Edison Lobão (Minas e Energia). Não faria sentido, agora, que eles se empenhem para fazer o ex-governador desistir.

Garotinho estava viajando ontem e não foi encontrado. A vereadora Clarissa Garotinho (PR), filha do ex-governador, disse que não há negociações para a retirada da candidatura do pai.
Sobre as declarações de Cabral, Clarissa ironizou:

- O voto da mulher dele (Cabral) não deve ser muito ideológico. Acho que Cabral está preocupado demais com Garotinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário