segunda-feira, 1 de março de 2010

Águas de março:: Fernando de Barros e Silva:

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Com sentimentos opostos, petistas e tucanos manifestaram surpresa com o resultado do Datafolha. Embora quase todo mundo esperasse o crescimento de Dilma Rousseff, quase ninguém acreditava que ela pudesse encostar em José Serra tão cedo e tão rapidamente.

Encostou. Os quatro pontos que agora os separam -Serra com 32%, Dilma com 28%- resultam tanto da subida da petista como da queda do tucano -cinco pontos cada um-, o que só aumenta o desconforto do (por ora) líder.

Consolida-se a percepção -que já se tinha mesmo com a diferença anterior, de 14 pontos- de que a segunda colocada é a favorita da disputa. A seu favor jogam a popularidade de Lula, a máquina do governo federal, a situação econômica do país, a militância petista e a aliança política mais ampla e com mais tempo de TV.

Contra Dilma, quem sabe, só ela própria, que busca a Presidência sem nunca ter disputado um voto na vida e ainda é vista por muitos como um peso difícil de carregar. Aos tucanos restaria como consolo o argumento de que, roçando nos 30%, a ministra ainda está abaixo daquele terço do eleitorado historicamente simpático ao nome do PT.

Seja como for, já caducou o discurso de Ciro Gomes de que sua candidatura presidencial seria uma forma de garantir o segundo turno. O roçado de Ciro foi atropelado pelo trator governista.

As atenções agora se voltam para os tucanos. São duas as questões:

1. Serra ainda pode desistir?;

2. Aécio aceitará ser o seu vice? Serra gostaria de ter a segunda resposta antes de se definir publicamente.

Hoje, no entanto, o mais provável é que aceite enfrentar o desafio da disputa sem a certeza prévia de que contará com o mineiro em sua chapa.

Não há dúvida de que Aécio agora será muito pressionado pelos tucanos. Mas quem precisa dizer a que veio antes que as águas de março fechem o verão é o governador de São Paulo.

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