sexta-feira, 5 de março de 2010

Apontado como chefe do esquema, empresário foi a reuniões na Fesp

DEU EM O GLOBO

Discreto, Secco concentrava operações financeiras, segundo os promotores

Discreto, o empresário Ricardo Secco é apontado pelo MP como o grande articulador do "esquema das ONGs". Embora não figurasse no rol de diretores de qualquer das entidades contratadas pela Fesp, ele participava das reuniões de trabalho dentro do órgão estadual. A informação foi fornecida aos promotores do caso por duas testemunhas. Uma delas, Luiz Fernando Victor, ex-presidente da Fundação.

Num escritório mantido por Secco na Avenida Rio Branco, no Centro, eram discutidas todas as operações financeiras das ONGs e das empresas, incluindo o recebimento de valores em espécie. Segundo o MP, ele encomendava notas fiscais frias para encobrir o desvio de dinheiro público. São várias os grampos que demonstram a forma de atuação de Secco. Na ação, é citado o caso do projeto "Saúde em Movimento" do CBDDC. À medida que a Fesp fazia os pagamentos para a entidade, ele agia para obter notas que justificassem despesas fictícias.

Em 22 de abril de 2005, a Fesp pagou a primeira parcela de R$11,1 milhão ao CBDDC. No dia 11 de maio, numa conversa telefônica com Ruy Castanheira, que lhe conseguia as empresas fantasmas, Secco pede uma nota de R$30 mil para justificar a realização da transferência bancária, com posterior saque e devolução. No dia seguinte, Ruy recebe R$30.875,28 por intermédio da conta da Intecdat e, no mesmo dia, saca R$30.140,00. Logo depois, vai levar o dinheiro no escritório de Secco.

As operações se repetiram no pagamento da segunda e da terceira parcelas ao CBDDC. Em 23 de maio, a Fesp pagou R$14,1 milhões. Em 30 de maio, Secco pede a Ruy notas frias na ordem de R$340 mil. No período entre 31 de maio e 10 de junho, a Intecdat e Max Press recebem do CBDDC um valor total de R$341.840,77 para ser sacado e devolvido. Em 23 de junho, a Fundação desembolsa a terceira parcela, no valor de R$11,1 mihões. Numa ligação telefônica de 29 daquele mês, Secco diz a Ruy que havia feito a "programação" dos pagamentos do CBDDC e que planejava mandar "200 e pouco" para ele, além de outros 200 para Paulo Antunes (responsável pela empresa fantasma South, mediante comissão de 4,38%). Entre 4 e 7 de julho, as empresas Intecdat e Max Express recebem um valor total de R$211.486,47. Mais uma vez, diz o MP, valores são devolvidos aos organizadores do esquema.

Mais tarde, as escutas revelaram que Secco continuava a controlar as operações, porém, através de Izabel Gatto Christina Ramos, uma das denunciadas. Numa conversa telefônica com Castanheira, a própria Izabel diz que ela e o patrão (Secco) são "uma pessoa só". Ela passou a endossar vários cheques que circulavam entre os integrantes do grupo. Parte dos recursos teria sido usada na compra de um apartamento na Tijuca para Izabel.

A movimentação bancária da Emprim e da Inconsul mostra que Secco teria se apropriado de R$1 milhão. Parentes do empresário, como a atriz Deborah Secco, filha dele, teriam sido beneficiados por repasses, segundo o Ministério Público.

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