sexta-feira, 12 de março de 2010

Brasília-DF ::Luiz Carlos Azedo

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Com Norma Moura
Soberba, guerra e paz

A soberba costuma pôr tudo a perder. Em política internacional, então, nem se fala. A história está recheada de exemplos. Ontem, por exemplo, o presidente Lula resolveu esnobar a posse do presidente do Chile, Sebastián Pinera. Não foi por medo de terremoto, mas porque é um líder conservador. Preferiu se reunir com os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, porém, estava lá. O presidente do Peru, Alan García, também.

Em contrapartida, Lula se prepara para visitar o Irã, cujo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, desafia a comunidade internacional com seu programa nuclear. Ambos se encontraram no Brasil, ano passado. O resultado da visita deixou Lula numa posição isolada no Conselho de Segurança da ONU. Lula critica as sanções internacionais contra o Irã. Nós não queremos que se repita no Irã o que houve no Iraque. Isso não é prudente para o Irã, não é prudente para o mundo, disse, ao rechaçar o apelo da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para que o Brasil apoiasse novas sanções contra o regime dos aiatolás.

Lula afirma que o impasse em relação ao Irã e o complicado processo de paz no Oriente Médio, região para a qual viajará nesta semana, são uma prova da incapacidade das potências mundiais. Quem decidiu que Estados Unidos, França, Inglaterra, China e Rússia representam as aspirações coletivas do nosso planeta, a nova geopolítica, a nova ordem global com nações que eram pobres ontem, mas que hoje estão no meio de um processo de extraordinário crescimento econômico?, desafia.

Qualquer aluno do ensino médio sabe que essas potências ocupam cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU porque ganharam a 2ª Guerra Mundial contra a Alemanha, a Itália e o Japão, vitória na qual o Brasil foi sócio minoritário. Em parte porque o presidente Getúlio Vargas flertou com o Eixo.

Guzanos

Nada gerou mais protestos mundo afora do que as declarações de Lula contra os presos políticos de Cuba em greve de fome, os quais tratou como criminosos comuns. Ontem, o jornalista cubano Guillermo Fariñas em greve de fome há 16 dias pela libertação de 26 presos políticos foi internado no Hospital de Santa Clara, em Cuba, entre a vida e a morte. Não seria melhor o Brasil oferecer asilo e negociar com Rául Castro a libertação desses guzanos, como são chamados pelo regime cubano os opositores?

Veto

O governo tentará derrubar, no Senado, a partilha Robin Hood dos royalties de petróleo aprovada pela Câmara. Se não conseguir, será vetada pelo presidente Lula, que pretende salvar o acordo feito com o governador Sérgio Cabral, do PMDB, para manter a participação especial do Rio de Janeiro. Se o veto for derrubado no Congresso, o Rio perderá bilhões em royalties de petróleo e ficará no sal. Para o governo, porém, não será o fim do mundo. Já conseguiu o que queria: o novo modelo de regulação, a criação da Petro-sal, a capitalização da Petrobras e a criação do Fundo Social. Quem resolveu incluir os royalties no projeto foi o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (foto), do Rio Grande do Norte.

Madeireiros

Em um ano de operação, a Arco de Fogo, da Polícia Federal no Maranhão, foi responsável pela redução de 88% do desmatamento na Amazônia, caindo da média anual de 100 km² para cerca de12km² de área devastada

Barrado

O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (foto), liderou ontem a obstrução à votação da medida provisória que abre crédito de R$ 6 bilhões para a Caixa Econômica Federal após um bate-boca com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), no qual exigiu a renegociação das dívidas dos agricultores do semiárido nordestino. Barrado no almoço da cúpula da legenda com o presidente Lula, Renan deu o troco. Enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não liberar a grana, não tem votação. Bem ao estilo do falecido senador Antônio Carlos Magalhães (DEM).

Urânio

Lula tem esperança de que consiga negociar um acordo com o Irã para o Brasil produzir o urânio enriquecido acima de 20% de que o seu programa nuclear necessita para supostos fins científicos. A Eletronuclear tem condições técnicas de receber o urânio enriquecido abaixo de 20% em troca de combustível nuclear para uso científico, pois tem quatro reatores desse tipo. A proposta da Agência Internacional de Energia Nuclear é que o Irã embarque 70% do urânio enriquecido em troca de combustível nuclear para seu reator científico. Turquia, Brasil e Japão poderiam fornecer o combustível.

Em campo/ O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), participa hoje da inauguração da rede de internet sem fio do Instituto Inhotim, em Minas. O projeto da rede wireless é resultado de uma parceria entre o instituto e a Embratel.

Lados/ Cada um no seu quadrado. Esse foi o recado do delegado da PF Marcos Ferreira dos Santos, responsável pela segurança do governador afastado e preso José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), ao advogado Nélio Machado. Ao visitar seu cliente na PF, o advogado não gostou de ter a porta que havia fechado para falar com Arruda aberta duas vezes pelo delegado. Machado ameaçou representar contra a autoridade.

Dilmasia

Resposta rápida do governador de Minas, Aécio Neves, ao ser indagado sobre a preferência de alguns prefeitos mineiros que apoiam o tucano Anastasia e a petista Dilma Rousseff em detrimento de Serra: Acho uma bobagem. Aqueles que estiveram conosco, vão estar empenhados também na eleição do nosso partido, na eleição do governador José Serra.

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