terça-feira, 2 de março de 2010

Em busca de uma estratégia

DEU EM O GLOBO

Tucanos vão aproveitar festa em Minas para tentar criar fato em torno de Serra e Aécio

Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Diante da queda das intenções de votos no governador José Serra na disputa presidencial, a cúpula do PSDB já prepara dois movimentos: um para acabar com as dúvidas em torno da candidatura do paulista e outro para tentar assegurar o governador mineiro, Aécio Neves, como vice na chapa. A oposição pretende aproveitar a cerimônia de inauguração da nova sede do governo de Minas Gerais, marcada para a quinta-feira, para tentar deflagrar uma reação ao crescimento da candidata petista, Dilma Rousseff.

Mas, atordoado com o resultado da última pesquisa Datafolha, que aponta uma queda de 14 para apenas quatro pontos da vantagem de Serra em relação a Dilma — ele hoje teria 32% e ela, 28% — , o PSDB ainda não tem uma estratégia para reverter esse quadro negativo ao longo da campanha eleitoral.

Serra já confirmou presença no evento em Minas, mas existe o temor entre seus aliados de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareça à cerimônia e atrapalhe a festa tucana.

— Esse encontro em Minas deve funcionar como um clamor nacional para que Aécio seja o vice — disse a vice-presidente nacional do PSDB, senadora Marisa Serrano (MS).

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), minimizou as últimas declarações de Aécio, que ontem negou a possibilidade de compor uma chapa puro-sangue, alegando ser mestiço.

— Eu já ouvi isso há um ano, que ele (Aécio) não vai ser candidato a vice.

Claro que se Aécio quisesse ser vice, ajudaria — ponderou Guerra.

Para aliados, Serra não decidirá agora

Serra enfrenta o desgaste decorrente das enchentes em São Paulo. O próximo programa partidário do PSDB só deverá ir ao ar na segunda quinzena de junho, enquanto sua adversária permanecerá com grande destaque na mídia com ações de governo durante todo o mês de março.

— Serra tem de fazer um gesto claro nesta direção sem dizer que é candidato. Ele tem de ratificar essa posição com alguns gestos, e o partido tem de se mobilizar como se Serra já fosse candidato — defendeu o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), um dos principais interlocutores de Serra.

— As forças que apoiam a candidatura do governador José Serra têm duas opções: ou se mobilizam para a luta ou serão superadas.

Os partidos de oposição estão sendo desafiados para a luta — reforçou Guerra.

Pessoas próximas a Serra não acreditam na antecipação do lançamento de candidatura. Para eles, o governador paulista deve manter a operação “nervos de aço” para resistir à pressão de se lançar candidato à Presidência da República logo.

Pessoas próximas a ele não acreditam na antecipação do lançamento de candidatura, mesmo depois das recentes pesquisas.

— Desde dezembro, o governador sofre pressão dentro e fora do partido para antecipar a sua candidatura.

Mas ele não deve abrir mão da operação nervos de aço para se manter firme em seu propósito — disse um aliado próximo ao governador.

A expectativa é que Serra anuncie sua candidatura à Presidência só no fim do prazo para se desincompatibilizar do cargo. Até lá, subirá em palanques para entregar obras. O governador tem dedicado boa parte de sua semana em viagens pelo interior de São Paulo.

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