DEU EM O GLOBO
As pesquisas eleitorais estão demonstrando que a estratégia traçada pelo presidente Lula para vencer a eleição deste ano está dando certo, enquanto a do PSDB esbarra mais uma vez na divisão partidária.
Mesmo tendo literalmente inventado a candidatura de Dilma Rousseff, empurrando-a goela abaixo do PT, Lula conseguiu passar para sua base um sentimento de preservação do poder que produziu uma unidade partidária que está levando o projeto adiante com bons resultados.
Mesmo que conte para isso com a leniência de nossa Justiça Eleitoral, que se pega em formalismos para não conter os evidentes avanços presidenciais aos limites legais da propaganda fora de época.
Já os tucanos mais uma vez se debatem em disputas internas, sendo a mais visível e fundamental aquela entre os governadores José Serra e Aécio Neves, que continua latente mesmo depois da desistência do mineiro de disputar a Presidência.
Ainda existem bolsões de resistência à candidatura Serra, que veem nos resultados das últimas pesquisas um sinal de fraqueza, embora ele continue na liderança.
Mas não parece viável uma desistência a esta altura, a começar pelo perigo de Serra colocar mesmo em risco uma reeleição ao governo paulista com a fama de medroso.
Além do mais, apesar do bom momento de Dilma, o candidato tucano ainda está na frente e, sem Ciro na disputa — o que hoje é quase certo —, ele se mantém na faixa dos 40% dos votos, tendo perdido apenas 2 pontos percentuais, dentro da margem de erro.
Seria preciso que caísse muito para chegar aos 18% que o governador mineiro ostenta no momento nas pesquisas.
Mesmo assim, sem o apoio de Aécio, dificilmente Serra conseguirá vencer a eleição.
Mais do que nunca o PSDB está procurando uma maneira de explicitar para o eleitorado mineiro — e nacional — que seu governador Aécio Neves está comprometido com a vitória de José Serra na eleição presidencial.
Mesmo que não venha a aceitar ser candidato a vice na chapa tucana, é preciso que Aécio tenha um papel preponderante na campanha, e o cargo de coordenador nacional pode lhe ser oferecido.
A tese fundamental que anima o PSDB, mesmo diante da constatação de que a candidatura oficial de Dilma Rousseff está crescendo até mais rápido do que se imaginava, é que os estados mais importantes do Sudeste — Minas, São Paulo e Rio — podem garantir a vitória e, sobretudo, que quem vencer em Minas ganha a eleição no Brasil.
O panamenho José Perigault, que fundou o Ibope juntamente com Paulo Montenegro, descobriu certa ocasião que o bairro do Méier era representativo de todo o estado do Rio de Janeiro. O resultado de uma pesquisa no bairro dava praticamente o mesmo resultado do estado.
Anos depois, Carlos Augusto Montenegro, filho do fundador e atual presidente do Ibope, descobriu que o estado de Minas Gerais é o reflexo do Brasil.
Tem sua parte Nordeste na região do Vale do Jequitinhonha, e por isso faz parte da Sudene; ao mesmo tempo é a segunda economia do país (disputando com o Rio), com uma região fortemente industrializada, grande influência paulista na divisa com São Paulo; Juiz de Fora é muito ligada ao Rio de Janeiro; e o estado tem no agronegócio uma parte influente de sua economia.
O resultado das eleições presidenciais lá tem refletido essa lógica, e, desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas.
Como nunca houve um candidato mineiro para distorcer os números — Aécio, por exemplo, foi eleito com 70% dos votos em 2006 —, os resultados refletem cada vez mais a média nacional.
Em alguns casos, como em 2006, o resultado local foi praticamente igual ao nacional: Lula teve 50,80% (48,6% no país), contra 40,6% (41,6% no país) de Alckmim.
Em 1989, Collor teve 36,1% em Minas (30,5% no país) contra 23,1% (17,2%); em 1994, Fernando Henrique teve 64,8% em Minas (54,3% nacional) contra 21,9% de Lula (27%); em 1998, FH teve 55,7% em Minas (53,1% nacional) contra 28,1% de Lula (31,7% nacional). Em 2002, Lula venceu com 53% (46,4% nacional) e Serra teve 22,9% (23,2%).
No Rio de Janeiro, Serra continua um pouco na frente de Dilma, em que pese o fato de os dois principais candidatos ao governo serem da base aliada: Sérgio Cabral (PMDB) e Garotinho (PR).
O apoio de Gabeira, do PV, mesmo indireto — ele estará no palanque da senadora Marina Silva —, é considerado importante.
Em São Paulo, o governador Serra acredita que tem condições de tirar cerca de seis milhões de votos de diferença, número que nenhum candidato tucano conseguiu alcançar nas últimas eleições.
Em 1994, Fernando Henrique teve 4,6 milhões de votos de diferença para Lula, ampliando para 5,1 milhões em 1998. Em 2002, mesmo não sendo governador, Serra venceu com uma diferença de 4,5 milhões de votos, e em 2006 o ex-governador Alckmin teve sobre Lula uma diferença de 3,8 milhões de votos.
Todas essas eleições foram disputadas contra Lula, o que dá uma dimensão da dificuldade maior da tarefa que Serra tem hoje contra Dilma.
O PSDB vem consolidando um domínio do território paulista que se reflete no resultado das eleições locais. Serra foi eleito no primeiro turno contra Mercadante, e atualmente o ex-governador Geraldo Alckmin aparece como o favorito, tendendo a vencer também no primeiro turno contra um PT que não tem candidato ao governo paulista e tenta inventar a candidatura de Ciro Gomes, o que, provavelmente, só fará aumentar as chances de Alckmin vencer no primeiro turno.
Todas essas contas tucanas, no entanto, só terão validade se a transferência de votos de Lula para sua candidata não for além daquela faixa de 1/3 dos eleitores que tradicionalmente vota no PT.
Se, no entanto, como afirmam os petistas, os eleitores começarem a identificar Dilma com a continuidade do governo, será difícil derrota-la. A delicada tarefa de Serra é derrotar Dilma sem atacar Lula.
As pesquisas eleitorais estão demonstrando que a estratégia traçada pelo presidente Lula para vencer a eleição deste ano está dando certo, enquanto a do PSDB esbarra mais uma vez na divisão partidária.
Mesmo tendo literalmente inventado a candidatura de Dilma Rousseff, empurrando-a goela abaixo do PT, Lula conseguiu passar para sua base um sentimento de preservação do poder que produziu uma unidade partidária que está levando o projeto adiante com bons resultados.
Mesmo que conte para isso com a leniência de nossa Justiça Eleitoral, que se pega em formalismos para não conter os evidentes avanços presidenciais aos limites legais da propaganda fora de época.
Já os tucanos mais uma vez se debatem em disputas internas, sendo a mais visível e fundamental aquela entre os governadores José Serra e Aécio Neves, que continua latente mesmo depois da desistência do mineiro de disputar a Presidência.
Ainda existem bolsões de resistência à candidatura Serra, que veem nos resultados das últimas pesquisas um sinal de fraqueza, embora ele continue na liderança.
Mas não parece viável uma desistência a esta altura, a começar pelo perigo de Serra colocar mesmo em risco uma reeleição ao governo paulista com a fama de medroso.
Além do mais, apesar do bom momento de Dilma, o candidato tucano ainda está na frente e, sem Ciro na disputa — o que hoje é quase certo —, ele se mantém na faixa dos 40% dos votos, tendo perdido apenas 2 pontos percentuais, dentro da margem de erro.
Seria preciso que caísse muito para chegar aos 18% que o governador mineiro ostenta no momento nas pesquisas.
Mesmo assim, sem o apoio de Aécio, dificilmente Serra conseguirá vencer a eleição.
Mais do que nunca o PSDB está procurando uma maneira de explicitar para o eleitorado mineiro — e nacional — que seu governador Aécio Neves está comprometido com a vitória de José Serra na eleição presidencial.
Mesmo que não venha a aceitar ser candidato a vice na chapa tucana, é preciso que Aécio tenha um papel preponderante na campanha, e o cargo de coordenador nacional pode lhe ser oferecido.
A tese fundamental que anima o PSDB, mesmo diante da constatação de que a candidatura oficial de Dilma Rousseff está crescendo até mais rápido do que se imaginava, é que os estados mais importantes do Sudeste — Minas, São Paulo e Rio — podem garantir a vitória e, sobretudo, que quem vencer em Minas ganha a eleição no Brasil.
O panamenho José Perigault, que fundou o Ibope juntamente com Paulo Montenegro, descobriu certa ocasião que o bairro do Méier era representativo de todo o estado do Rio de Janeiro. O resultado de uma pesquisa no bairro dava praticamente o mesmo resultado do estado.
Anos depois, Carlos Augusto Montenegro, filho do fundador e atual presidente do Ibope, descobriu que o estado de Minas Gerais é o reflexo do Brasil.
Tem sua parte Nordeste na região do Vale do Jequitinhonha, e por isso faz parte da Sudene; ao mesmo tempo é a segunda economia do país (disputando com o Rio), com uma região fortemente industrializada, grande influência paulista na divisa com São Paulo; Juiz de Fora é muito ligada ao Rio de Janeiro; e o estado tem no agronegócio uma parte influente de sua economia.
O resultado das eleições presidenciais lá tem refletido essa lógica, e, desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas.
Como nunca houve um candidato mineiro para distorcer os números — Aécio, por exemplo, foi eleito com 70% dos votos em 2006 —, os resultados refletem cada vez mais a média nacional.
Em alguns casos, como em 2006, o resultado local foi praticamente igual ao nacional: Lula teve 50,80% (48,6% no país), contra 40,6% (41,6% no país) de Alckmim.
Em 1989, Collor teve 36,1% em Minas (30,5% no país) contra 23,1% (17,2%); em 1994, Fernando Henrique teve 64,8% em Minas (54,3% nacional) contra 21,9% de Lula (27%); em 1998, FH teve 55,7% em Minas (53,1% nacional) contra 28,1% de Lula (31,7% nacional). Em 2002, Lula venceu com 53% (46,4% nacional) e Serra teve 22,9% (23,2%).
No Rio de Janeiro, Serra continua um pouco na frente de Dilma, em que pese o fato de os dois principais candidatos ao governo serem da base aliada: Sérgio Cabral (PMDB) e Garotinho (PR).
O apoio de Gabeira, do PV, mesmo indireto — ele estará no palanque da senadora Marina Silva —, é considerado importante.
Em São Paulo, o governador Serra acredita que tem condições de tirar cerca de seis milhões de votos de diferença, número que nenhum candidato tucano conseguiu alcançar nas últimas eleições.
Em 1994, Fernando Henrique teve 4,6 milhões de votos de diferença para Lula, ampliando para 5,1 milhões em 1998. Em 2002, mesmo não sendo governador, Serra venceu com uma diferença de 4,5 milhões de votos, e em 2006 o ex-governador Alckmin teve sobre Lula uma diferença de 3,8 milhões de votos.
Todas essas eleições foram disputadas contra Lula, o que dá uma dimensão da dificuldade maior da tarefa que Serra tem hoje contra Dilma.
O PSDB vem consolidando um domínio do território paulista que se reflete no resultado das eleições locais. Serra foi eleito no primeiro turno contra Mercadante, e atualmente o ex-governador Geraldo Alckmin aparece como o favorito, tendendo a vencer também no primeiro turno contra um PT que não tem candidato ao governo paulista e tenta inventar a candidatura de Ciro Gomes, o que, provavelmente, só fará aumentar as chances de Alckmin vencer no primeiro turno.
Todas essas contas tucanas, no entanto, só terão validade se a transferência de votos de Lula para sua candidata não for além daquela faixa de 1/3 dos eleitores que tradicionalmente vota no PT.
Se, no entanto, como afirmam os petistas, os eleitores começarem a identificar Dilma com a continuidade do governo, será difícil derrota-la. A delicada tarefa de Serra é derrotar Dilma sem atacar Lula.
Se minas decide, está na hora de Minas exigir um candidato mineiro.
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