quarta-feira, 3 de março de 2010

Presidente defende medidas estatizantes

DEU EM O GLOBO

Ao lado de Dilma, Lula diz que Estado tem que ser "o grande indutor das coisas que devem acontecer"

Soraya Aggege

SÃO PAULO. No embalo do balanço positivo do Banco do Brasil, que teve o maior lucro anual da história anunciado semana passada, o presidente Lula e sua candidata à sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, reforçaram ontem as vantagens das medidas estatizantes no país e criticaram os tucanos que os antecederam. Lula afirmou que seus antecessores não acreditavam nos servidores públicos, base de apoio do PT.

— Provamos que o Estado não é ineficaz como alguns quiseram fazer crer nas últimas três décadas. Provamos que o Estado não precisa se meter a ser um gerente, um empresário. O Estado tem que ser o grande indutor das coisas que devem acontecer — disse Lula.

Segundo o presidente, foi necessário ao Brasil um metalúrgico socialista para fazer a lição de casa dos capitalistas.

— Precisou ganhar a eleição neste país um metalúrgico, que não é economista, que não é cientista político, que passou 30 anos acreditando no socialismo e dizer a este país que não é possível um país capitalista sem capital, sem financiamento e sem crédito — afirmou Lula. — Quantas vezes vi manchetes falando do déficit do Banco do Brasil. Cheiravam a gosto de privatização. Nada melhor do que mostrar que um banco é deficitário para fazer uma privatização.

Segundo o presidente, o resultado do BB em 2009 “lava a alma daqueles que acreditam na importância do serviço público”, em contraposição “àqueles que acreditavam que a solução era privatizar”.

Dilma critica governos da década de 90 As afirmações de Lula foram feitas durante um encontro de diretores do BB na capital paulista, ao lado da ministra Dilma, no qual o presidente rasgou elogios aos servidores públicos.

Dilma foi mais enfática e fez críticas mais duras aos governos da década de 90. De acordo com ela, o BB foi um dos responsáveis pela superação da crise econômica. Ela chamou de “fantasiosa” a ideia de que o mercado seria capaz de atenuar os efeitos das turbulências iniciadas em setembro de 2008.

— Se não tivéssemos insistido, o Banco do Brasil teria ficado pelo caminho. Na crise dos anos 90, o governo cortou investimentos, aumentou juros, impondo ajustes ao povo. Fizemos o contrário.
Nossos governos são distintos do arsenal recessivo da década de 90. A prática venceu o preconceito: 2010 será o melhor ano da década.

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