sexta-feira, 16 de abril de 2010

A despedida :: Eliane Cantanhêde



DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Lula começou a se despedir em grande estilo. Nas reuniões internacionais, como as várias de ontem em Brasília, agradece a convivência e lembra que, no ano que vem, não tem mais.

"Pessoalmente, eu me despeço do Ibas com o sentimento do dever cumprido, com orgulho, felicidade de ver que nossa ideia prosperou. Com a alegria de ter compartilhado com indianos e sul-africanos esta extraordinária aventura. Desafiamos a geografia e a inércia -e vencemos!", disse Lula, no final do encontro entre Índia, Brasil e África do Sul, no Itamaraty.

O próximo será em outubro de 2011 e, portanto, com Serra, Dilma, Ciro ou Marina.

Além dos dois outros presidentes, de seus chanceleres e de centenas de funcionários, havia uma multidão de jornalistas. Foram 539 credenciados, de cinco países, porque, depois, começou uma outra reunião -ou uma outra despedida, a dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

Lula parecia impaciente, batucando a mão direita na esquerda, mas estava no seu habitat natural, sob holofotes, entre um presidente negro e outro de turbante, unindo países, mudando a história.

Quando ele se despediu, automaticamente puxou a memória desses últimos 16 anos de política externa brasileira, primeiro com Mr. Cardoso, agora com Lula. Com estilos diferentes, ambos fizeram o que na diplomacia e na vida internacional se costuma chamar de "great job".

FHC abriu as portas do mundo para o Brasil. Lula passou por ela e foi embora. O avanço brasileiro não tem volta. Mas como? Depois da elegância culta de FHC e da ousadia e da liderança de Lula, o que esperar do sucessor, ou sucessora?

Imagine Serra chato, Dilma mandona, Ciro grosseiro e Marina inexperiente em fóruns que se propõem a fortalecer a posição dos emergentes e a enfrentar a arrogância dos países ricos.

Tem de ser feito, mas com jeito. Qual deles tem mais? Você é quem decide!

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