quarta-feira, 14 de abril de 2010

Em rota de solução:: Rosângela Bittar




DEU NO VALOR ECONÔMICO

Até onde se pode perceber, afunilou para uma solução o mais intrincado problema que havia para a campanha de Dilma Rousseff (PT) a presidente: a aliança PT-PMDB em Minas Gerais.

O nome do PMDB é o do senador Hélio Costa. O PT promoverá uma consulta prévia sobre qual deve ser o primeiro nome do partido, para a qual já estão inscritos os dois candidatos cujos grupos de apoio são atores de uma luta que está à beira de transpor as regras da política: Fernando Pimentel e Patrus Ananias. A escolha será no dia 2 de maio.

A prévia, oficialmente, é para apontar o candidato do PT a governador de Minas, mas na verdade o que se estará decidindo é a composição da chapa majoritária, de candidatos a governador, vice e senador, em composição com o PMDB. Claro e definitivo está, para todos os que acompanham, dentro do governo, o desenlace do grande nó mineiro para a candidata governista à sucessão do presidente Lula, que em Minas haverá uma chapa única, PT e PMDB, embora o presidente do partido no Estado continue a defender a candidatura própria e teoricamente a prévia seja para esta definição.

Não se pode falar que há um acordo, mas existe, sim, uma compreensão tácita de que não há desfecho melhor. De posse do nome mais votado na prévia, marcharão todos ao presidente de honra do partido, o presidente da República, com o pedido para que monte a chapa como bem entender, com os nomes que lhe forem apresentados. A expectativa é que o presidente arbitre, defina quem vai para o governo, quem vai para o Senado.

Se Lula continuar achando, como acha hoje, que o melhor para a candidatura de Dilma Rousseff (para a aliança PT-PMDB) é dar a Hélio Costa a candidatura a governador, o primeiro lugar das prévias do PT vai para o Senado. O perdedor pode ir para a Câmara, ou ficar na campanha nacional, pois ninguém imagina que Patrus ou Pimentel concordem em ir para a vice de Hélio Costa. Se, por acaso, Lula mudar de ideia e der ao PT a candidatura a governador, Hélio iria para o Senado ou, mais remotamente, para a vice de Dilma.

Esta pode não ser a melhor solução para algum dos contendores, talvez até para dois, pois todos querem ser candidatos a governador, mas deve ser a única aceitável para os três uma vez que não se imagina um enfrentamento de nenhum deles com Lula.

O PT ainda tem esperanças de ver esta virada do presidente porque se acha com mais chances de vencer do que Hélio Costa, embora na pesquisa realizada exatamente para orientar estas decisões ele esteja na frente. O Instituto Sensus mostrou ao PT e ao PMDB que Hélio Costa está com 38%, Pimentel com 24%, e Antonio Anastasia (PSDB) com 13%. Quando o candidato do PT é Patrus Ananias, ele fica com 18% e Anastasia oscila para até 16%.

Na avaliação dos petistas, essa votação em Hélio Costa pode ser apenas recall, tanto que ao longo da refrega vai perdendo espaço. Esta é uma das razões pelas quais petistas mineiros acham que têm mais chances

O presidente Lula já disse aos dirigentes petistas mineiros que estão cometendo um equívoco pois, na sua opinião, Hélio perdeu eleições porque tinha Lula e o PT contra si.

Agora, com o apoio decisivo de todos, seria outra a escrita. O PT não tem especial apreço por subir ao palanque de Hélio Costa, claro, mas se Lula for, todo mundo vai atrás. Se for o inverso, com Hélio na vice de Dilma ou na disputa do Senado, melhor ainda para o PT. Portanto, caminha-se para uma solução.

Depois que o vice-presidente José Alencar saiu da disputa, deixando o caminho livre para uma chapa PT-PMDB, ou PMDB-PT, se não o acordo, mas um acerto em Minas, onde o PT estava mais enroscado, se tornou realmente possível.

Educação

Desta vez, a Educação parece estar às vésperas de realmente se tornar uma prioridade nacional, vencendo a disputa presidencial qualquer um dos dois candidatos a presidente à frente nas pesquisas de intenção de voto do eleitorado. Em discurso proferido durante o Encontro Nacional do partido que apresentou-o como candidato a presidente pelo PSDB, o ex-governador José Serra, em primeiro lugar na disputa, foi ao âmago do maior problema educacional do país, hoje, num diagnóstico acurado. "Estou convencido de uma coisa: bons prédios, serviços adequados de merenda, transporte escolar, atividades esportivas e culturais, tudo é muito importante e deve ser aperfeiçoado. Mas a condição fundamental é a melhora do aprendizado na sala de aula".

Serra comprometeu-se com uma nova Educação em que "o filho do pobre frequente uma escola tão boa quanto a do filho do rico". O papel fundamental do professor, sua formação contínua e remuneração adequada foi destacado como instrumento imprescindível. Para que eles aprendam a ensinar e os alunos possam aprender.

E chamou a atenção para o que considera grave retrocesso nos últimos anos: a estagnação da escolaridade entre os adolescentes. "Para essa faixa de idade vamos turbinar o ensino técnico e profissional, aquele que vira emprego. Emprego para a juventude, que é castigada pela falta de oportunidades."

A candidata do PT, Dilma Rousseff, em entrevista ao Valor e nas formulações que tem feito com sua equipe, nesta fase da campanha, indicou que enfrentar o desafio da educação de qualidade será sua prioridade. Segundo diz, a Educação de qualidade é que vai alavancar o Brasil, e isto não é tarefa para 4 ou 8 anos, mas é preciso começar.

Dilma coloca uma atenção sobre a educação infantil, a pré-escola, e também sobre a educação técnica e científica, que liga ao desenvolvimento da Ciência e Tecnologia. O Plano Nacional de Banda Larga, por exemplo, tem dito a candidata nas discussões, é importante para dar suporte tecnológico ao seu desenvolvimento.

Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras

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