segunda-feira, 19 de abril de 2010

Garotinho lança-se sob mote da corrupção


DEU NO VALOR ECONÔMICO

Cláudia Schüffner, do Rio

Lançado ontem pré-candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho (PR) entrou na campanha usando o mote da corrupção, o mesmo que, em 2007, o tornou inelegível por três anos. Junto com sua mulher, a prefeita de Campos Rosinha Garotinho, o ex-governador foi denunciado em março pelo Ministério Público por improbidade administrativa. O casal teve pedido de bloqueio dos seus bens pela Justiça. Garotinho dedicou o discurso a enumerar as denúncias de corrupção que pretende explorar contra a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), com quem rompeu no ano passado.

Dizendo-se perseguido pelo Ministério Público, o pré-candidato do PR disse ter documentos enviados pela Ordem dos Advogados do Brasil que vinculam a primeira-dama do Estado, Adriana Anselmo, ao escritório de advocacia que defende as concessionárias SuperVia e Metrô e outros grupos que têm contratos com o governo fluminense. A SuperVia administra os trens urbanos da Região Metropolitana do Rio, e vem apresentado diversos problemas nos últimos meses.

No mês passado Sérgio Cabral anunciou que vai prorrogar a concessão da operação dos trens pela SuperVia de 25 anos para 50 anos. O contrato de concessão havia sido assinado em 1998 pelo então governador Marcello Alencar e expira em 2023. A renovação do contrato é justificada pelo governo do Estado como necessária ao cumprimento das exigências do Comitê Olímpico Internacional, que prevê a modernização dos trens e ampliação dos trens. O Rio vai sediar a Olimpíada de 2016.

Com o contrato que deve ser assinado este mês, a SuperVia poderá operar o sistema até 2048. O anúncio dessa decisão levou o deputado estadual Alessandro Molon (PT) a entrar com o pedido de CPI na Assembleia Legislativa.

Garotinho também acusou Cabral, a quem chamou de " síndico da Zona Sul " de ter aumentado seu patrimônio imobiliário durante sua gestão. " Quero lançar um desafio ao atual governador.
Sua casa comprada em Mangaratiba é lavagem de dinheiro. Me processe! Entre na Justiça e prove que você comprou com dinheiro de seu trabalho. Eu o estou desafiando. Venha! " " , bradou Garotinho.

No discurso, disse ainda ter-se arrependido do apoio que lhe deu em 2006: " Faço mea culpa. Por questões de governabilidade, tive que me aliar a essa gente, que está saqueando o Estado " . Procurada, a assessoria do Palácio da Guanabara disse que não comentaria as declarações.

Além da pré-candidatura de Garotinho, o PR lançou a candidatura do pastor e deputado federal Manoel Ferreira ao Senado. O partido realizou ontem o congresso nacional da legenda, com a presença predominante da militância do interior do Estado do Rio e da Baixada Fluminense. O partido decidiu não se posicionar, por hora, em relação ao apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, pelo PT. A ideia do PR é esperar que a petista se manifeste quanto à participação de Garotinho nas eleições estaduais. Ainda que o PR seja aliado do PT no governo federal, Dilma ainda não afirmou se vai subir em palanque no Rio com o ex-governador, mas Garotinho disse que Dilma é sua " candidata pessoal " .

Garotinho foi governador do Rio entre 1999 e 2002, quando candidatou-se à Presidência da República e ficou em terceiro lugar. Naquele ano, elegeu sua mulher para sucedê-lo. (Com agências noticiosas)

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