segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nós bem atados nas alianças fluminenses

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Coligações no Rio não serão fáceis para governistas ou oposicionistas. Enquanto tucanos nem sequer têm nome para o Executivo local, PT pode ficar com palanques divididos

Ivan Iunes

Terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro se transformou em uma caixa de marimbondos tanto para os governistas quanto para a oposição. As principais alianças em torno das pré-candidaturas ao Palácio do Planalto de José Serra (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT) encontram dificuldades com aliados no estado, que concentra quase 11,5 milhões de eleitores. De olho no voto dos fluminenses, Serra e Dilma estiveram no Rio durante o fim de semana. O tucano preferiu evitar uma agenda política e participou das comemorações do aniversário da economista Maria da Conceição Tavares. A ex-ministra da Casa Civil esteve presente no mesmo evento, inclusive sentou-se ao lado do adversário, e se aventurou ontem no lançamento da pré-candidatura ao Senado de Lindberg Farias (PT).

A situação de governistas e de oposicionistas no Rio de Janeiro apresenta nós apertados a pouco mais de dois meses da confirmação das candidaturas. Do lado da aliança PSDB-DEM-PPS, nem sequer há um nome confirmado ao governo estadual. Aliado da oposição no estado, o PV encabeçaria a chapa majoritária, com Fernando Gabeira como candidato ao Palácio das Laranjeiras. Insatisfeito com nomes indicados pelo DEM para a chapa, o deputado federal ameaça abandonar a disputa. Do lado governista, o problema está na divisão de palanque entre o candidato à reeleição, governador Sérgio Cabral (PMDB), e o ex-governador Anthony Garotinho (PR); e na acomodação do senador Marcelo Crivella (PRB), que tentará a reeleição.

Durante o lançamento da pré-candidatura de Lindberg (leia mais na página 3), Dilma reforçou que a aliança petista é com Cabral, mas que não descartava subir também no palanque de Garotinho. “O único palanque do PT no Rio é o do Sérgio Cabral”, afirmou a pré-candidata. Sobre o apoio do ex-governador Garotinho, Dilma saiu pela tangente e disse que o comando da pré-campanha é quem decidirá as condições de participação. A declaração dúbia não irritou Garotinho. O ex-governador avisou, em entrevista por telefone ao Correio, que tem a petista como candidata preferencial da aliança, mas que o apoio ainda está em aberto. “Dilma ressaltou que outros palanques da base aliada não estão descartados no Rio de Janeiro. Da mesma forma, nós ainda estamos tratando dessa questão (apoio). Nada foi fechado”, avisou.

Disputa

No Senado, a chapa de Cabral entregou uma das cadeiras disponíveis para Lindberg Farias. O outro assento está sendo disputado pelo deputado estadual Jorge Picciani (PMDB) e pelo atual senador Marcelo Crivella (PRB). Político ligado a Cabral, Picciani é o favorito, mas Crivella teve melhores índices de intenção de votos nas últimas pesquisas. Caso as portas se fechem na chapa encabeçada pelo PMDB, Crivella teria dificuldades em encontrar um palanque forte na tentativa de permanecer no Senado. A coligação de Garotinho tem como candidato o deputado federal Manoel Ferreira (PR-RJ), inimigo político de Crivella e adversário na busca pelos votos dos evangélicos.

Na aliança oposicionista, a dificuldade está em fazer sentar-se à mesma mesa o pré-candidato ao governo Fernando Gabeira (PV) e um dos pré-candidatos ao Senado, César Maia (DEM). O deputado federal não quer pedir votos para o ex-prefeito do Rio de Janeiro e vice-versa. O raciocínio é de que o apoio cruzado acabaria por retirar votos de ambos, já que os eleitores dos dois não se bicam. Para tentar desatar o nó, Gabeira chegou a enviar uma consulta à Justiça Eleitoral sobre a possibilidade de inscrever mais de dois candidatos ao Senado pela chapa. Em caso de negativa do Tribunal Superior Eleitoral, o parlamentar ameaça desistir da candidatura para tentar permanecer na Câmara dos Deputados.

Serra faz visita relâmpago a Brasília

Após participar da comemoração dos 80 anos da economista Maria da Conceição Tavares, realizada no sábado à noite, na Casa do Minho, no Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro, o pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra, cumpriu uma agenda rápida em Brasília.
Por volta das 23h, Serra chegou à capital federal para participar de um jantar na casa da escritora Vera Brant em homenagem ao novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. Além do pré-candidato e do homenageado e sua família, participaram do encontro o vice-presidente do STF, Carlos Ayres Britto, e outras autoridades. Para animar a noite, Brant organizou uma roda de música popular com Danilo Caymmi, Reco do Bandolim e Fernando Brant. Serra voltou a São Paulo por volta das 3h, logo após a festa, em um jatinho particular.

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