quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os 110 anos de Gregório Bezerra:: Marcos César de Oliveira Pinheiro


DEU EM GRAMSCI E O BRASIL

O Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro (Amorj) e o Instituto Luiz Carlos Prestes (ILCP) promovem mesa-redonda e outras atividades em torno de “Gregório Bezerra – 110 anos”.

A mesa-redonda conta com os seguintes debatedores: Anita Prestes (Programa de Pós-graduação em História Comparada – PPGHC/UFRJ), Beatriz Heredia (Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia – PPGSA/UFRJ) e Jaime Amorim (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST); na coordenação da mesa, a professora Elina Pessanha (PPGSA). Após o debate será exibido um filme sobre a vida de Gregório; ao mesmo tempo, estarão expostas diversas fotografias que registram variados momentos na vida deste importante militante do antigo PCB.

Dia 29 de abril, a partir das 10h, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (Largo de São Francisco de Paula, s/n, Centro – Rio de Janeiro).

Nota de Gramsci e o Brasil

De Gregório Bezerra (1900-1983), é sempre útil ler as suas Memórias (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979, 2 v.), precioso documento das lutas sociais e democráticas do Brasil. “Homem de ferro e flor”, Gregório tornou-se também um símbolo: arrastado de modo desumano pelas ruas do Recife em seguida ao golpe de 1964, passou 23 anos da sua vida nos mais diferentes cárceres, desde a repressão do Estado Novo.

A sua atividade nos anos imediatamente anteriores a 1964 vinculou-se, sobretudo, à implantação e extensão do sindicalismo rural e dos direitos trabalhistas dos assalariados agrícolas, pisoteados por uma oligarquia tradicionalmente conservadora e até reacionária. Comparativamente, a ênfase do PCB na questão sindical distanciava-o do radicalismo das Ligas Camponesas, cujo foco era a redistribuição de terras “na lei ou na marra”.

No final de 1969, Gregório seria um dos 15 presos políticos trocados por Charles Elbrick, o embaixador norte-americano sequestrado por um grupo de extrema-esquerda. No calor da hora, foi o único a lançar uma notável e clarividente “Declaração ao Povo Brasileiro”. Nas palavras de Enio Silveira, esta declaração é “exemplo de dignidade e de coerência política, pois aceita sua libertação como um episódio de luta, mas publicamente repudia ações isoladas, que não geram transformações duradouras”.

Ao velho Gregório, constituinte de 1946, campeão da democracia social e da democracia política, ficam depositadas as homenagens dos que fazem este sítio.

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