sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sem chance na chapa de Dilma, Meirelles decide que fica no BC

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Depois de ouvir do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que dificilmente seria vice na chapa da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, Henrique Meirelles decidiu ficar na presidência do Banco Central, relatam Eduardo Cucolo e Kennedy Alencar.

O PMDB, partido ao qual é filiado, fechou com o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), para compor a chapa com Dilma. Meirelles manteve suspense sobre seu futuro desde terça, quando vários ministros deixaram os cargos.

Nunca tive ambição política, diz Meirelles

Presidente do BC diz que fica no cargo "visando garantir a estabilidade da economia brasileira em um ano cheio de desafios"

Sobre o futuro, Meirelles disse que não pretende continuar no BC depois de 2010, pois dois mandatos já seriam suficientes

Eduardo Cucolo e Kennedy Alencar
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, decidiu continuar no comando da instituição, depois de ouvir do presidente Lula que dificilmente seria vice na chapa da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

O PMDB, partido ao qual é filiado desde setembro do ano passado, fechou com o presidente da Câmara e do partido, Michel Temer (SP), para compor a chapa com a ex-ministra da Casa Civil. Diante disso, Meirelles desistiu de concorrer a uma vaga de senador pelo PMDB de Goiás, a única opção política que lhe restava.

Meirelles manteve o mistério sobre seu futuro político desde terça-feira, quando vários ministros anunciaram que deixariam o governo para serem candidatos. Houve uma reunião com Lula, que serviria para que comunicasse sua decisão de sair, mas, diante de um pedido do presidente para que permanecesse no cargo até o fim do governo, pediu 24 horas para pensar no assunto.

Depois de 48 horas e muitas conversas, afirmou que nunca teve ambições políticas e que tomava uma decisão "simples e difícil". "Meu objetivo não é nenhum cargo político, nunca tive ambição, e não tenho a menor hesitação de tomar decisões nesse sentido", disse.

Apesar de afirmar que não temia uma descontinuidade no seu trabalho de manter a inflação sob controle, afirmou que ficaria no Banco Central "visando garantir a estabilidade da economia brasileira em um ano cheio de desafios."

Questionado se apoiaria Temer para ser vice na chapa petista, Meirelles afirmou que não pensou no assunto e não tem uma opinião. Disse também já ter comunicado Lula e Dilma sobre a decisão, mas ainda não ter falado com membros do partido.

Afirmou várias vezes que tinha "apoio total" do PMDB para se candidatar ao Senado e que esse era seu plano desde o início. Depois, disse ter cogitado outras opções políticas. "Analisei todas as possibilidades possíveis e imagináveis, mas concluí que, dentro das possibilidades a que me propus, que é o Senado por Goiás e o governo do Estado, decidi por continuar no BC", afirmou.

Falou apenas uma vez sobre a vice-presidência, atribuindo essa possibilidade a uma "lembrança de muitas pessoas e da imprensa".

Meirelles disse que não chegou a discutir com Lula um nome para substituí-lo no Banco Central. Nesse momento, no entanto, olhou em direção ao diretor de Normas da instituição, Alexandre Tombini, o mais cotado para assumir a vaga e que esteve ao seu lado durante o anúncio feito ontem, com outros quatro diretores.

No único momento em que falou em frustração, Meirelles se referiu à tristeza das pessoas que apoiavam sua candidatura. Em relação ao futuro na administração pública, disse que não pretende continuar no BC depois de 2010, pois dois mandatos já seriam suficientes.

Em relação à política econômica, Meirelles disse que "é possível" que a inflação termine 2010 próxima ao centro da meta, de 4,5%. A previsão do BC divulgada anteontem aponta para taxa de 5,2%.

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